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– 03-11-2002 |
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S. Pedro do Sul : M�dico "jura" que vinho biol�gico faz menos malViseu, 02 Nov Cumprindo o juramento de Hip�crates, pelo qual os m�dicos se comprometem a não dar nada ao próximo que lhe possa fazer mal, o doutor Jos� Cardoso da Rocha criou uma adega de vinho biol�gico, em S. Pedro do Sul. Na Quinta da Comenda – que, reza a hist�ria, foi perten�a de D. Teresa, m�e do primeiro rei de Portugal – o m�dico cirurgi�o, de 73 anos, produz anualmente até 150 mil litros de vinho biol�gico proveniente de 22 hectares de vinha da regi�o de Laf�es. "Este vinho � apenas feito com o que a natureza d� � videira e � uva. não tem agroqu�micos de s�ntese nem nenhum produto sist�mico", garantiu � Agência Lusa Jos� Cardoso da Rocha, pioneiro em Portugal na agricultura biol�gica, que iniciou em 1984, com a convic��o de que "� pela boca que muitas doen�as aparecem". O adubo usado habitualmente na raiz da videira � substitu�do por h�mus e as doen�as como o m�ldio ou o o�dio são curadas com os chamados biodegrad�veis de contacto, ou seja, cobre e enxofre, que "v�m da terra e � terra h�o-de regressar". Na agricultura biol�gica a que se dedica a Quinta da Comenda, onde a vitivinicultura assume destaque, h� outros m�todos, subtis, de evitar o uso de produtos qu�micos. Por exemplo, no caso da tra�a da uva (que causa podrid�o) o segredo está em estudar o ciclo biol�gico do insecto e depois criar "confusão sexual": � colocado um arame com uma hormona artificial (feromona), cujo cheiro atrai os machos que, assim, j� não v�o procurar as f�meas para se reproduzirem. "Mete d�, porque eles v�o ao cheiro e depois andam ali �s voltas como uns loucos, enganados", relatou Jos� Cardoso da Rocha. Todos estes m�todos de agricultura biol�gica são mais lentos do que os qu�micos e exigem mais trabalho e mais despesa. No final, a produ��o conseguida � inferior, mas fica a ganhar a Saúde dos que consomem os produtos, garante. � depois das uvas criadas que v�m as maiores dores de cabe�a para conseguir que o vinho possa ser conservado sem recorrer ao uso de qu�micos. Os cuidados come�am logo na vindima, que tem de ser feita criteriosamente, para não ir qualquer bago podre, seco ou verde. "não podemos deitar doen�a para o lagar, porque senão tem de se lhe dar o rem�dio, o que na agricultura biol�gica não se pode fazer", afirmou o m�dico cirurgi�o, cujo longo curr�culo integra o cargo de director de cirurgia pedi�trica do Hospital D. Maria Pia (Porto), e passagens pela famosa Cl�nica Mayo, dos Estados Unidos, e por outras unidades hospitalares de Barcelona, Paris, Zurique, Londres e Brasil. O transporte dos cachos tem de ser feito em gamelas pequenas, para não traumatizar os bagos e originar a oxida��o do produto, e a adega concebida para que haja o máximo de higiene, porque "se não se podem curar as doen�as, t�m de se prevenir", frisou. Na adega da Quinta da Comenda, até a tinta das paredes � biol�gica (não produz fungos). As rolhas de corti�a são esterilizadas por raios gama e na linha de engarrafamento � retirado o oxig�nio da garrafa e colocado g�s neutro, sempre com a preocupa��o de que nada v� colidir com o vinho, porque ele não tem qualquer protec��o, "está entregue a si pr�prio". Na enologia biol�gica, são usados m�todos f�sicos em detrimento dos qu�micos, como press�es nas prensas e utiliza��o do frio para as desinfec��es. "As leveduras transformam o a��car em �lcool mas a certa altura morrem. � a� que as bact�rias chegam, comem as leveduras residuais e desenvolvem-se, por isso normalmente lhes atiram com os qu�micos", explicou Jos� Cardoso da Rocha. Para evitar essa situa��o, na enologia biol�gica, ap�s uma fermenta��o controlada (não deixando que a temperatura v� além dos 18 graus), o vinho � submetido a uma estabiliza��o através do frio, para matar as bact�rias. Depois do trabalho e despesa a mais a que obriga a produ��o de vinho biol�gico quando comparado com o vulgar, acaba por ser "injusto" que um consumidor normal não consiga destrin�ar as diferen�as, a não ser pelo r�tulo da garrafa que esclarece tratar-se de um "produto de agricultura biol�gica". "S� um expert � que descobre. � muito dif�cil, porque hoje h� m�todos sofisticados para dar sabor e aroma. Com a qu�mica, dizem que até se consegue fazer vinho sem uvas…", criticou. Neste caso, a confian�a � a base do neg�cio, porque, assegura o m�dico, "a diferen�a pode não se notar facilmente, mas as consequ�ncias são totalmente diferentes no organismo humano e Também na microbiologia do solo e no ambiente". Na Quinta da Comenda – situada numa zona sem polui��o, protegida pelas serras do Caramulo, Estrela e Montemuro – são produzidos vinhos tintos, brancos e ros�s, que v�o desde os VQPRD de Laf�es a regionais e monovarietais (de apenas uma casta, como Bical e D. Branca), sendo 80 por cento da produ��o destinada ao mercado internacional. "A agricultura biol�gica está relacionada com a cultura de um povo e n�s não temos a sorte de ser os mais cultos", afirmou, acrescentando que o vinho � exportado para países como a Dinamarca, Alemanha, B�lgica, Holanda e Jap�o, podendo Também ser encontrado em algumas grandes superf�cies de Portugal. Nos 38 hectares da Quinta da Comenda são Também produzidas ma��s, produtos hort�colas, azeite, frutos secos – tudo com controle e certifica��o da Associa��o Portuguesa de Agricultura Biol�gica – Agrobio – produtos que acabam por ser consumidos no mercado interno, devido � falta de circuitos comerciais e ajudas estatais. O turismo de habita��o � outra das actividades da quinta, que pertenceu a D. Teresa e, posteriormente, foi ocupada pela Ordem de Malta até 1834, data da extin��o das ordens religiosas, passando depois para a Coroa. Ao decidir reconverter a Quinta da Comenda para a agricultura biol�gica depois da aposentadoria como m�dico, Jos� Cardoso da Rocha inspirou-se nesses guerreiros catélicos, que "foram os grandes agr�nomos da Idade média" e levavam produtos de S. Pedro do Sul a caminho de Jerusalém, aquando da profana��o dos lugares sagrados. O seu entusiasmo pela vitivinicultura cresceu na altura em que pensava comprar a quinta e, ao sondar alguns trabalhadores sobre as potencialidades daquelas terras, recebeu como resposta: "J� o meu av� dizia que não havia melhor vinho do que o feito na Quinta da Comenda".
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