No passado dia 28 de setembro, o Centro PINUS e o seu associado RESIPINUS mostraram no terreno os primeiros resultados de uma aposta no pinheiro-bravo: mais gestão, maior presença de pessoas na floresta e diminuição de ignições.
No passado dia 28 de setembro, o Centro PINUS e o seu associado RESIPINUS, receberam cerca de 30 participantes na visita de campo “O Potencial da Resinagem para o Pinhal” que percorreu os baldios das freguesias de Pinheiro e Cantelães.
Demos a conhecer uma história de sucesso em que tudo começou com a aposta da autarquia de Vieira do Minho na floresta como um dos motores de desenvolvimento do concelho. Assegurada a indispensável capacitação técnica, foi possível garantir o incontornável trabalho conjunto com a comunidade e angariar investimento público, de forma consistente e também criativa.
Foi o caso da equipa de resineiros, suportada por uma medida de apoio à criação de novos empregos. Para tal, o apoio público foi imprescindível, uma vez que no início a produção é muito abaixo da potencial, quer pelo facto dos resineiros estarem ainda a aprender o novo ofício, quer por motivos fisiológicos: apenas após duas ou três épocas de resinagem a árvore entra em produção plena.
Atualmente, neste pinhal, 7 resineiros percorrem todo o ano cerca de 40 hectares em que se pratica resinagem à vida, em rotatividade de parcelas. Foi visível, durante a visita, a menor densidade de vegetação espontânea nas parcelas resinadas.
A equipa de resineiros que demos a conhecer em Vieira do Minho não se limita a ser recente: é também extremamente jovem, com uma média de idades inferior a 30 anos. Espera-se que estes novos resineiros possam servir de exemplo a outros que sigam as suas pisadas.
É que, por Vieira do Minho, já se planeia expandir este projeto-piloto e alargar a atividade de resinagem a outras áreas florestais do concelho. A medida do Fundo Ambiental “Beneficiação de áreas de pinheiro-bravo com potencial para resinagem” é outra das alavancas desta aposta. A produção de resina que, neste segundo ano começa a demonstrar o seu potencial, é “apenas” um dos motivos de continuidade, sendo encarada como um complemento, num mix em que o serviço de prevenção de incêndios é extremamente valorizado.
A presença na floresta, parcialmente remunerada através do Programa “Resineiros Vigilantes”, é uma das estratégias da autarquia para reduzir as ignições, assim como as equipas de sapadores florestais e o fogo controlado, cujo planeamento é feito em conjunto com as comunidades locais.
Damos a conhecer neste PINUS TV o entusiasmo resultante desta oportunidade de valorização da resinagem e do pinhal-bravo nesta região minhota. A vídeo-reportagem inclui depoimentos do responsável por esta equipa de resineiros, do autarca de Vieira do Minho e da Direção da RESIPINUS.
De relevar, ainda, o diálogo enriquecedor entre o grupo de participantes desta visita de campo que incluiu técnicos florestais, investigadores, empresas de extração e de transformação de resina, assim como, representantes de serrações e empresas de madeira. São comuns dúvidas relacionadas com a compatibilização da resinagem com a produção de madeira de serração ou que fatores considerar na tomada de decisão antes de iniciar uma operação de resinagem. Se, para algumas destas questões a participação em iniciativas como esta visita de campo ajudam, já outras respostas serão encontradas em projetos de investigação como o RN21.
O consórcio RN21 – Inovação na Fileira da Resina Natural para Reforço da Bioeconomia Nacional é integrado pelo Centro PINUS e pela RESIPINUS, com a coordenação do ForestWISE. O objetivo pretendido é responder melhor a várias questões pertinentes para o setor, de que são exemplo: como conciliar a produção de madeira e resina? Qual a conta de cultura de um pinhal resinado? Em que situações é vantajoso resinar? Que práticas de gestão favorecem a produção de resina? Um pinhal resinado é mais vulnerável a pragas e doenças?
Durante a visita discutiu-se, ainda, a importância da mecanização da resinagem e de inovações, como o sistema fechado que permitirá reduzir perdas como as observadas, este verão em Vieira do Minho, devido às chuvas periódicas, aspetos também integrados no RN21. Este projeto pretende também caracterizar melhor os benefícios indiretos da resinagem, como os que testemunhámos nesta visita.
A organização desta iniciativa contou com o apoio do Município de Vieira do Minho, da Associação para o Ordenamento da Serra da Cabreira e do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas.
O Centro PINUS espera que outras autarquias e organizações do setor se inspirem no exemplo de Vieira do Minho e o repliquem, devidamente adaptados a outros territórios rurais.
Fonte: Centro PINUS