Algumas das 130 famílias de pinheiro-radiata provenientes do Chile com 2 anos de crescimento destacam-se em todos os tipos de solos – xisto, arenoso e granito – ao nível do crescimento e sobrevivência.
O projeto da Sonae Arauco testou 244 famílias/espécies de pinheiro em 12 ensaios com diferentes condições de solo e clima, num total de 35 hectares.
João Paulo Catarino, Secretário de Estado da Conversação da Natureza e Florestas, visitou as áreas de ensaio de Mangualde.
Os últimos resultados do Projeto de Investigação & Desenvolvimento (I&D) florestal da Sonae Arauco comprovam que as plantas de várias famílias de pinheiro-radiata provenientes do Chile têm excelentes taxas de sobrevivência e crescimento nos diferentes tipos de solo português, por comparação com outras espécies testadas de pinheiro.
“Os resultados deste projeto da Sonae Arauco apresentam-se como promissores e com potencial de impactar positivamente o futuro da floresta portuguesa”, afirmou João Paulo Catarino, Secretário de Estado da Conversação da Natureza e Florestas, numa visita às áreas de ensaio em Mangualde.
Globalmente, os resultados indicam que o pinheiro-radiata proveniente do Chile é uma espécie com grande potencial para algumas regiões do território nacional, com uma taxa de sobrevivência global superior a 90% em solos de granito e xisto, sendo que muitas famílias apresentam taxas de sobrevivência de 100%. Nos solos arenosos, as melhores famílias apresentam taxas de sobrevivência entre 77% e 80%.
“Este projeto pioneiro na fileira do pinho mostra que o pinheiro-radiata proveniente do Chile tem um excelente desempenho e potencial”, refere Rui Correia, CEO da Sonae Arauco, uma das maiores empresas mundiais de soluções derivadas de madeira. “Com este projeto, pretendemos aumentar o retorno para os proprietários florestais, mostrando no terreno, através destas áreas de teste e demonstração, a importância de investir na espécie certa e no local certo, numa abordagem integrada à escala da paisagem e com uma gestão de risco. O nosso objetivo, a médio e longo prazo, é contribuir para a criação, no nosso país, de uma floresta resiliente e capaz de responder aos desafios das indústrias de base florestal”, acrescenta.
Ao longo do último ano, a equipa de gestão florestal da Sonae Arauco monitorizou e avaliou o crescimento e a sobrevivência individual de cada árvore, de forma a identificar quais as famílias ou espécies com melhores resultados em cada tipo de solo e clima, num processo que conta com uma rastreabilidade total.
O pinheiro bravo português demonstra uma taxa de sobrevivência acima dos 95% em solos de granito e de xisto. O pinheiro bravo francês demonstra a mesma resiliência em solos de granito ou xisto, mas fica aquém em solos arenosos, como Pombal e Figueira da Foz.
Em termos de crescimento médio, o top 10 das famílias de pinheiro-radiata do Chile estão em destaque, ultrapassando os 140 centímetros em solos de granito após dois anos de plantação, e sendo a proveniência com crescimentos mais elevados em qualquer dos ensaios. O menor crescimento, e tal como expectável, verifica-se no ensaio feito em Pombal, onde as condições são mais desafiantes e o solo arenoso.
No que diz respeito ao pinheiro-bravo, não se registaram diferenças muito significativas de crescimento entre as proveniências portuguesa e francesa, para além de algumas variações entre ensaios.
No total, foram testadas 244 famílias/proveniências de pinheiro em 12 ensaios com diferentes condições de solo e clima, num total de 35 hectares. O projeto, que arrancou em 2020, já tinha demonstrado, através dos resultados preliminares, que as plantas de pinheiro-radiata do Chile têm maior resiliência no contexto português.
Um projeto pela floresta
Este projeto pioneiro envolve mais de 200 mil sementes de pinheiro-bravo e de pinheiro-radiata de diferentes famílias (240, no total) de programas de melhoramento genético, e proveniências (Portugal, Espanha, França e Chile) e pretende testar e comparar o comportamento das plantas em diferentes condições de solo e clima em Portugal.
Numa primeira fase, 100 mil sementes cresceram no viveiro do Furadouro (Altri Florestal), em condições idênticas. Depois, 21 600 pinheiros foram plantados em seis locais diferentes, do Centro e do Norte de Portugal: na Figueira da Foz, em Pombal, Mangualde, Arouca e Ribeira de Pena, em zonas litorais e interiores, em áreas com solos de areias, de xistos e granitos.
No verão de 2021, iniciou-se a repetição de todo o processo, com o objetivo de eliminar o efeito do clima nos resultados obtidos no primeiro ano: nova fase de sementeira, com mais 100 mil sementes. Tal como aconteceu no primeiro ano, as plantas foram posteriormente transferidas para as novas zonas de ensaio, num total de 43 200 pinheiros.
Entre dezembro e janeiro de 2023, foi realizada uma avaliação relativa ao crescimento individual de cada árvore, iniciando-se nessa altura o processo de identificação das famílias e proveniências com maior produtividade.
As famílias, proveniências e espécies que forem selecionadas no final do projeto vão permitir aos produtores florestais em Portugal o acesso a plantas de elevada qualidade genética e produtividade, contribuindo para um aumento da rentabilidade da cadeia de valor do pinheiro.
O Projeto de I&D florestal da Sonae Arauco está integrado na estratégia da empresa, que pretende ser um agente de mudança no setor e apoiar o desenvolvimento da floresta nacional, e procura compensar a tendência de declínio do pinheiro-bravo registada nas últimas décadas, assim como contribuir para alinhar a disponibilidade de matéria-prima com a previsão de uma procura cada vez maior do mercado por soluções sustentáveis, como a madeira.
Fonte: Sonae Arauco