A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), em parceria com a organização não governamental Associação Natureza Portugal|WWF (ANP|WWF) e a Universidade de Évora, anunciou o PSVA 2.0, a nova versão do Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo, em resultado de uma revisão desta iniciativa. Esta versão passa a incluir dois novos capítulos (passando para um total de 20): uma secção destinada à “Resiliência e adaptação às alterações climáticas”, «na qual se podem encontrar variáveis como medidas de adaptação e mitigação às mudanças climáticas, ou a avaliação da necessidade de água ou a pegada de carbono»; um capítulo sobre “Economia circular”, «onde se destacam questões relacionadas com materiais e equipamentos ou com subprodutos e resíduos de vinificação», explica a CVRA – responsável pela protecção e defesa da Denominação de Origem Controlada (DOC) Alentejo e da Indicação Geográfica Alentejano.
Segundo a entidade, «apesar de mantidos os 171 critérios de avaliação, 74% foram melhorados e foram incluídos 29 novos itens, dando-se destaque a variáveis como o uso de castas mais resilientes e de diversidade genética; a eficiência dos factores de produção (como, por exemplo, água e electricidade); a promoção do consumo responsável de vinhos junto dos consumidores; a equidade salarial entre géneros; ou, ainda, o contributo para a inserção social de pessoas com deficiência». A CVRA diz que o PSVA 2.0 pretende «tornar a região ainda mais sustentável», que a revisão «foi feita sob um olhar atento para vertentes como a biodiversidade, pesticidas, clima e água», que com esta versão «melhorada» do programa «pretende continuar a colocar a região vitivinícola na dianteira das práticas sustentáveis» e que «o objectivo é que os produtores aderentes ao PSVA – que representam já 58% da área total de vinha do Alentejo – possam, através da utilização mais responsável dos recursos necessários à cultura das vinhas, tornar a produção mais resiliente e adaptada às condições naturais».
Lançado em 2015, o Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo integra 639 membros e existem actualmente 20 produtores com o selo “Produção sustentável”, instituído há três anos no âmbito do PSVA. Esta iniciativa conta com a «participação activa» da Universidade de Évora desde a sua criação e o protocolo com a ANP|WWF foi assinado em Outubro de 2022.
A CVRA afirma que o PSVA constitui «um factor de diferenciação dos Vinhos do Alentejo» – no mercado interno e ao nível internacional –, que esta certificação dá aos consumidores «a garantia de que aqueles vinhos cumprem com boas práticas de poupança de recursos, promovem a biodiversidade, utilizam energias renováveis, protegem solos ou fomentam iniciativas que envolvem toda a comunidade na adopção de comportamentos sustentáveis» e que o programa «está em constante evolução». A entidade sublinha que, «com a parceria com a ANP|WWF, os Vinhos do Alentejo aumentaram o nível de exigência e credibilidade que pauta o PSVA desde o início» e que vão «dar aos produtores certificados um período de transição de dois anos para se adaptarem às melhorias agora encetadas», frisando também que as partes integrantes consideram este trabalho «inédito, pela cooperação tão profícua entre uma ONG e o sector agrícola».
João Barroso, coordenador do PSVA, assinala que se pretende «manter o Alentejo tal como o conhecemos e, independentemente do passar dos anos, garantir que os vinhos têm a mesma qualidade, sem comprometer o ambiente e respondendo da melhor forma possível às crescentes pressões derivadas das alterações climáticas». Para Tiago Luís, coordenador de Alimentação da ANP|WWF, «este é um projecto singular e mostra que os produtores estão empenhados em melhorar as suas práticas ambientais, beneficiando a sua região e as suas pessoas, mas também o próprio país, destacando-se das restantes iniciativas e conseguindo um factor de diferenciação importantíssimo para o reconhecimento internacional dos Vinhos do Alentejo».
Artigo publicado originalmente em Revista Frutas, Legumes e Flores.