Aqui venho prestar contas sobre o destino do resultado da venda do livro “Desconfinar a agricultura – Crónicas agrícolas do prado ao prato”. Já tinha anunciado que os lucros da publicação do livro seriam destinados em primeiro lugar à compra de rações para os pastores afetados pelos incêndios em Murça, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar, através da Associação ANCRAS, em segundo lugar à “PORTA SOLIDÁRIA”, que fornece refeições aos sem abrigo e outros pobres na Cidade do Porto e, por último, mas de forma mais substancial, ao “BANCO DE LEITE”, Associação Amparo da criança, dirigida por Frei Fernando Ventura. É uma associação que procura dar resposta ao problema da carência alimentar e escassez de recursos no âmbito infantil, em Portugal e S. Tomé e Príncipe, com leite em pó, leite substitutivo de leite materno, farinhas lácteas, papas, fraldas e artigos de puericultura, material escolar e está a construir o lar de S. Francisco.
Foram assim os pagamentos efetuados: 200 euros de ração para cabras e ovelhas, 177 euros em leite para a Portal Solidária e 300 euros para o “Banco de Leite”. Eu tinha feito perguntas e tive referências positivas sobre a seriedade das pessoas envolvidas nas três organizações.
Uma breve explicação para estas escolhas: apoiar o “banco de leite” era a minha intenção inicial e um desejo que já vinha de trás, desde a altura em que fui surpreendido pela existência de uma associação focada em obter leite para alimentar as crianças numa altura em que era “moda” atacar o leite como alimento.
Partilhando a ideia com uma pessoa amiga (de Lisboa, sublinho) tive como resposta a sugestão de também apoiar uma instituição local e a “Porta solidária” surgiu como opção natural pelo testemunho de pessoas que lá fazem regularmente voluntariado. Aproveitámos a viagem ao Porto por causa de levar os livros para a feira do livro (stand rota do livro), fomos a um supermercado, compramos leite e entregámos imediatamente na “Porta Solidária” da Igreja do Marquês.
Mais recentemente, vi uma publicação / partilha da página “rebanhos + clima positivo” a pedir apoio para os pastores afetados pelos incêndios. De Murça sei que vem bom vinho, de Vila Pouca de Aguiar boas castanhas, mas Valpaços tem um significado diferente, porque era de lá natural um vizinho, o Sr. Luís, já falecido, que ajudou os meus pais nas horas vagas do seu trabalho na “emissora” (Posto emissor de rádio que existia entre Azurara e Árvore). Foi também a minha oportunidade de agradecer o seu trabalho e da sua família. De uma forma simbólica, espero que a minha pequena contribuição lembre a todos (governo, autarquias, sociedade em geral) que é urgente ajudar de imediato e acompanhar de forma continuada as vítimas dos incêndios, a gente que resiste no meio rural mais profundo.
P. S. Só é possível dar estas ajudas porque também tive ajudas na publicação do livro e houve quem comprasse o livro – eu sou apenas mensageiro a transmitir a vossa generosidade.
#carlosnevesagricultor
O artigo foi publicado originalmente em Carlos Neves Agricultor.