A associação PortugalFoods lançou um documento que pretende identificar os “caminhos críticos” para o setor agroalimentar atingir os objetivos tecnológicos, sensibilizando-o para os desafios futuros através da partilha de conhecimentos e identificação de tendências e boas práticas.
“O documento – que tem associado um horizonte temporal definido e identifica um conjunto de caminhos críticos para a prossecução dos objetivos tecnológicos e de mercado das empresas do setor – apresenta quatro camadas distintas que se relacionam com cinco percursos tecnológicos que traduzem as ligações de interdependências entre as várias camadas e os elementos que as constituem, resultando num mapa global que consolida este guia”, lê-se numa nota da PortugalFoods enviada à Lusa.
O “Roadmap Tecnológico para o setor agroalimentar português” identifica o mercado, o produto, a tecnologia/processo e atividades de I&D (investigação e desenvolvimento) como as quatro componentes mais importantes, que têm associados processos de desempenho em curto (um ano), médio (três) e longo (sete) prazos.
Na componente mercado é identificado um conjunto de 10 tendências/oportunidades para as empresas do setor, nomeadamente, dietas ‘low-carb’ (curto prazo), ‘eat-on-the-go’ (curto prazo), alternativas a ingredientes prejudiciais para a saúde (curto-médio prazo), sustentabilidade (curto-médio prazo), ‘food integrity’ (curto-médio prazo), saúde e bem-estar (curto-médio prazo), alimentação personalizada (curto-médio-longo prazo), dietas ‘plant based’ e ‘meat free’ (curto-médio-longo prazo), sabores inovadores (médio prazo) e ‘clean label (médio-longo prazo).
Por sua vez, a componente produto identifica 16 necessidades associadas às tendências de mercado.
“Produtos com baixo teor de sal e de açúcar, com redução/eliminação de conservantes e de corantes sintéticos ou que estimulem a saúde mental estão entre os identificados como necessários. Ainda, e neste mesmo conjunto, encontram-se os produtos alimentares baseados em proteínas alternativas (como larvas, insetos e proteína vegetal) e os com novos sabores, de fusão e experiências étnicas”, exemplificou.
Já a componente tecnológica/processo aponta as 27 necessidades relevantes para obtenção dos produtos identificados na componente respetiva, como as embalagens ativas/funcionalizadas, a desidratação, a inteligência artificial e a internet das coisas, métodos analíticos para a determinação de origem e detenção de adulteração ou cultura ‘in-vitro’ de células animais.
Por último, a componente atividades de I&D apresenta as 13 operações necessárias para o desenvolvimento de tecnologias e produtos identificados nas outras componentes, como o desenvolvimento de alimentos que promovam a saúde e de novos métodos que permitam o controlo da qualidade, origem, deteção de adulteração e segurança alimentar.
Este ‘roadmap’ apresenta também cinco percursos tecnológicos com o objetivo de analisar as ligações e interdependências entre as componentes identificadas e as suas necessidades.
Conforme precisou a PortugalFoods, estes percursos correspondem a “caminhos genéricos” que as empresas terão que percorrer entre a fase de I&D e desenvolvimento tecnológico até ao mercado.
Segundo o mesmo documento, o primeiro percurso relaciona as independências das tendências de mercado saúde e bem estar e alimentação personalizada, enquanto o segundo foca-se na tendência dietas ‘plant based’ e ‘meat free’.
O terceiro percurso, que a associação classifica como o “mais complexo”, relaciona as tendências alternativas a ingredientes prejudiciais para a saúde, ‘clean label’ e dietas ‘low carb’, enquanto o quarto liga as necessidades de tecnologia/processo com as tendências de mercado sabores inovadores e ‘eat-on-the-go’.
O quinto e último percurso vai ligar as necessidades tecnológicas às tendências sustentabilidade e ‘food integrity’, “que deverão estar presentes em todos os novos produtos a desenvolver pela indústria agroalimentar”.
A associação lembrou ainda que a atualidade está em constante mudança perante a evolução dos processos, tecnologia, tendências e hábitos de consumo, o que determina “a necessidade de as empresas terem uma maior capacidade para, de forma continuada, avaliarem e orientarem a aplicação dos seus recursos no sentido de responder, de forma competitiva, às necessidades dos novos produtos e tecnoligias/processos”.
Ideia que, de acordo com a PortugalFodds, sustenta a revisão que é proposta no ‘roadmap’, nomeadamente, a das tendências de mercado e necessidades de produto, das tecnologias/ processos associados, das atividades de I&D necessárias, dos percursos tecnológicos, a discussão/validação do ‘roadmap’ e a atualização e apresentação do documento ao setor.
O “Roadmap tecnológico para setor agroalimentar português”, desenvolvido em colaboração com a Sociedade Portuguesa de Inovação, tem por base dois documentos produzidos anteriormente – “Mapas/percursos tecnológicos para o setor agroalimentar” e “Prioridades para setor agroalimentar ao nível da IDI”.
Esta iniciativa, integrada no projeto Portugal Foods_Qualifica, é financiado pelo Compete2020, Portugal2020 e pela União Europeia através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.
A PortugalFodds integra mais de 150 associados, entre empresas, entidades do sistema científico nacional da fileira agroalimentar e outras entidades conexas.
PortugalFoods apresenta ‘roadmap tecnológico para o setor agroalimentar português’