Acidentes rodoviários, culturas destruídas, avistamentos dentro de povoações. Os incidentes com javalis estão a aumentar em todo o país, mas ninguém sabe ao certo quantos animais existem em Portugal. À espera de estudo prometido pelo Governo em 2019, agricultores e caçadores queixam-se de falta de respostas
Um vídeo captado nas festas populares em Casais de Revelhos no sábado tornou-se viral nas redes sociais. As imagens, divulgadas pelo jornal Médio Tejo, mostram dois javalis a circular no recinto, muito próximos das pessoas, até receberem restos de frango e desaparecerem “tão depressa como chegaram”.
Ao Expresso, fonte da Câmara Municipal de Abrantes afirma que não se tratavam de animais selvagens, mas sim de dois javalis que tinham sido criados desde bebés por um criador local. Contudo, para agricultores e caçadores por todo o país, a presença desta espécie deixou de ser “surpreendente”.
Na imprensa local, repetem-se os relatos de avistamentos e incidentes que envolvem estes animais. Só este ano, uma vara foi avistada numa zona urbana de Ourém e um animal foi abatido a tiro pela PSP numa área de bares e restaurantes em Olhão. Há registo de um acidente com feridos graves em Portalegre, de um carro acidentado sem prejuízos pagos em Barcelos e de uma ambulância deixada inoperacional em Salvaterra de Magos.
“[A aproximação dos javalis às povoações] é uma realidade diária. Os animais perderam o medo, vão até à porta das pessoas. Principalmente se houver um pomar junto à casa e em zonas onde há terrenos em pousio. Não é uma situação rara”, relata Isménio Oliveira.
Para a agricultura, a aproximação desta espécie tem tido consequências particularmente danosas. O dirigente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) fala em “milhões” em prejuízos que aumentam todos os dias.
Sem compensação pelas perdas sofridas, “a maioria dos pequenos e médios agricultores deixam de fazer as suas culturas”. “No concelho de Penela (Coimbra), onde existiam algumas centenas de hectares de milho, hoje não há um único hectare”, refere Isménio Oliveira a título de exemplo.
Estudo prometido por Governo em 2019 deverá ser divulgado no final deste ano
“[As populações de javalis] estão descontroladas essencialmente em locais onde há 20 anos era impensável, onde eram residuais”, corrobora Jacinto Amaro, presidente da FENCAÇA (Federação Portuguesa de Caça). “Há vinte anos, se matássemos cinco javalis em montarias era uma grande festa. No ano passado na minha zona de caça em Ciborro, Montemor-o-Novo, num único dia de montaria matámos 110 javalis.”
Em declarações à Lusa, o ICNF afirmou em 2019 que “tendo em conta o número crescente dos avistamentos, o aumento dos pedidos de correcção de densidades e o consequente […]