Museu grava memórias de quem viveu de uma agricultura em que era preciso produzir primeiro para o senhorio e depois para alimentar a família.
O Museu de Agricultura de Fermentões está a gravar as memórias dos últimos lavradores de Guimarães. O objetivo é fazer um arquivo que permita às gerações futuras saber como era o quotidiano de quem vivia da terra ao longo do século XX. O projeto resulta de uma parceria entre a Casa do Povo de Fermentões, proprietária do Museu, e a Casa de Sarmento, um centro de estudos de património da Universidade do Minho, apoiado pelo Município de Guimarães e pela Sociedade Martins Sarmento.
“Graças a Deus, nunca passei fome”, diz Maria Neves, de 85 anos, logo no arranque da entrevista, quando lhe perguntam sobre as dificuldades de viver da agricultura. As carências marcam a experiência de vida de todos os seis entrevistados. “Na minha infância, comia caldo de couves e arroz com feijões”, esclarece. A carne era um luxo e a “bicharada”, quando havia, era para vender. Maria não andou na escola e o irmão “aprendeu a ler na França”. […]