A grande maioria da área regada pela água do Alqueva em 2021 era ocupada por quatro culturas, com o olival a liderar destacado, seguindo-se amendoal, milho e vinha, revela o recente anuário agrícola do projeto.
Segundo o Anuário Agrícola de Alqueva de 2021, consultado pela agência Lusa, nos 120.000 hectares (ha) abrangidos foram inscritos para rega 113.978 ha, o que corresponde a uma taxa de 95% de adesão ao regadio do projeto, que já atingiu a “velocidade de cruzeiro”.
Da área total inscrita, 95.680 ha, a grande maioria, era ocupada por culturas permanentes, com olival, amendoal e vinha no ‘pódio’, e 18.298 ha por culturas anuais, com destaque para o milho.
O olival era a principal cultura e ocupava 70.233 ha, mais de metade da área, o amendoal surgia em segundo, plantado em 19.466 ha, o milho em terceiro, distribuído por 6.241 ha, e a vinha em quarto, espalhada por 6.000 ha.
Desde 2015, as culturas permanentes “tiveram um crescimento exponencial e destacaram-se claramente das culturas anuais”, sobretudo devido às subidas das áreas ocupadas por olivais, inicialmente, e por amendoais, nos últimos quatro/cinco anos, refere o anuário.
As culturas anuais são “quase exclusivamente” resultado de investimentos de portugueses, enquanto, nas culturas permanentes, os estrangeiros “têm algum peso”.
O olival tem tido uma evolução anual “extraordinária” e a área inscrita para rega em 2021 era cinco vezes maior do que os 13.431 ha registados em 2012, “não existindo nenhuma outra cultura com estes resultados”, vinca o documento.
As expectativas apontam para o crescimento do olival no Alqueva, “embora com um ritmo mais reduzido do que o verificado recentemente”, prevê o anuário, elaborado pela Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA).
Em 2021, investidores portugueses eram “responsáveis por mais de metade” (57%) dos investimentos em olivais no Alqueva, seguindo-se espanhóis (38%), refere o anuário, indicando que “o principal investimento estrangeiro” na área “é espanhol e feito na cultura do olival”.
Os três “polos” mais importantes para a cultura do olival no Alqueva são os concelhos de Beja, Ferreira do Alentejo e Serpa, que são os que têm mais áreas de olivais de regadio e lagares.
Atualmente, as principais indústrias agroalimentares na área de influência do Alqueva são lagares e adegas, frisa o anuário, precisando que 53 dos 122 lagares de azeite existentes no Alentejo situam-se naquela zona.
No entanto, o aumento de olivais e “a crescente capacidade instalada de laboração de azeitona” criaram “um problema junto das indústrias de bagaço de azeitona”, porque “não conseguiram acompanhar este crescimento com o aumento da sua capacidade de processamento”.
Segundo o anuário, o interesse dos agricultores e investidores em amendoal mantém-se “elevado”, “talvez impulsionado” pelo preço da amêndoa nos mercados internacionais.
A área de amendoal inscrita para rega em 2021 era 20 vezes maior do que os 975 ha existentes em 2015 e subiu 29% em relação aos 15.067 ha de 2020.
Investidores espanhóis são responsáveis por metade dos investimentos nesta cultura, seguindo-se portugueses (34%) e norte-americanos (10%).
Em relação à vinha, dos 6.000 ha inscritos em 2021, 5.607 ha eram de uva para vinho e 393 ha de uva de mesa.
“Embora noutra dimensão”, a evolução da área de vinha também aumentou no Alqueva, de 2.017 ha em 2012 para os 6.000 ha em 2021.
Já a cultura do milho “manteve-se praticamente inalterada” nos últimos dois anos, “estabilizando o crescimento” que vinha registando desde 2015, refere o anuário, indicando que agricultores portugueses são responsáveis por 96% dos investimentos na cultura no Alqueva.
Na valência agrícola, a EDIA acabou em 2016, nove anos antes do previsto, a construção das infraestruturas para regar 120.000 hectares (ha) da primeira fase do regadio do Alqueva.
Da segunda fase, que deverá beneficiar mais cerca de 50.000 ha, cerca de 10.000 estão em condições de regar na campanha deste ano, subindo para quase 130.000 ha a área beneficiada pelo regadio do projeto.