O Município de Ourém, um dos mais afetados pelos incêndios em julho de 2022, já despendeu mais de um milhão de euros para fazer face aos prejuízos decorrentes daqueles fogos, disse o seu presidente, Luís Albuquerque.
“Só em estradas municipais é cerca de um milhão de euros”, afirmou Luís Albuquerque, esclarecendo que há apoios que não foram contabilizados, destacando neste âmbito o trabalho do serviço de Ação Social da Câmara a famílias afetadas.
Quando passam dois anos sobre os incêndios, Luís Albuquerque explicou que se está a recuperar, em várias freguesias, “estradas, caminhos municipais que ficaram muito afetados pelos incêndios”.
Este é um investimento na ordem de “1,5 milhões de euros comparticipado com cerca de 600 mil euros” pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro.
Algumas linhas de água foram também reabilitadas, um valor de 700 mil euros, totalmente suportado pela Agência Portuguesa do Ambiente, referiu o presidente da Câmara, explicando que a autarquia se prepara para consignar uma última empreitada, de 1,2 milhões de euros, financiada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, que “permitirá recuperar os caminhos vicinais, caminhos florestais, que também ficaram deteriorados” pelos fogos.
“Além disto, tivemos também diversos programas de apoio a particulares”, declarou, lamentando, contudo, que só recentemente tenham sido desbloqueadas algumas verbas. Neste caso, os apoios são de 132 mil euros para um prejuízo apresentado de 378 mil euros.
Quanto à reconstrução, orçada em 140 mil euros, da casa de primeira habitação que na aldeia de Santa Teresa faz na sexta-feira dois anos ficou afetada, Luís Albuquerque admitiu que este processo tem sido um “romance grande”.
“O IHRU [Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana] comparticipa com cerca de 80 mil e o município com a parte restante. O município já adiantou uma parte da verba, o IHRU ainda não pagou nada”, assinalou o autarca, referindo que se aguarda pela assinatura de um protocolo entre o instituto e os proprietários da casa.
Segundo o presidente da Câmara, “a casa está a avançar, mas o construtor apenas recebeu o dinheiro” que o município disponibilizou, tendo, ainda assim, a expectativa de que a reconstrução esteja concluída “no final do Verão”, caso não se registem mais atrasos e se o IHRU, que não respondeu à Lusa, “rapidamente disponibilizar a parte da verba a que se comprometeu”, precisou.
Questionado sobre os apoios do Estado, o presidente deste município do distrito de Santarém reconheceu que, dentro dos condicionalismos e burocracias, “se está a conseguir minimizar os prejuízos que se fizeram sentir em 2022”.
“[Estou] muito longe de estar satisfeito, mas conformado com aquilo que foi conseguido obter e que, obviamente, ajuda a minimizar os prejuízos causados”, declarou.
Luís Albuquerque reconheceu ainda que preparar melhor os territórios para que situações como a do verão de 2022 não voltem a acontecer exigem “processos que não são feitos de um dia para o outro”, como a Área Integrada de Gestão da Paisagem das Serras do Norte de Ourém, para aumentar a resiliência aos incêndios com melhor ordenamento e promoção da economia rural, ou o cadastro.
“Temos neste momento quase 21 mil terrenos identificados [através do Balcão Único do Prédio]”, adiantou, admitindo que o número ainda é longe daquilo que a autarquia pretende.
Ourém foi um dos concelhos mais atingidos por incêndios no verão de 2022, tendo o presidente do município apresentado ao anterior Governo um “caderno de encargos” de seis milhões de euros, que correspondem aos prejuízos provocados pelos fogos, “sem contar com a floresta”.