O presidente da Câmara Municipal da Guarda, Sérgio Costa, disse hoje esperar que as medidas do Governo para os concelhos da serra da Estrela atingidos pelo incêndio de agosto sejam “musculadas para fazer face” às necessidades detetadas.
“Só ao nível das habitações, nós tivemos 27 habitações ardidas no concelho da Guarda, cinco delas de primeira habitação. Depois, houve danos em três empresas. E, só nisto aqui, estamos a falar num montante que está, seguramente, entre um a dois milhões de euros”, disse hoje o autarca à agência Lusa.
Sérgio Costa participou na segunda-feira, em Lisboa, numa reunião com a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, com secretários de Estado de várias áreas governamentais e com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), para apresentação, aos seis autarcas do Parque Natural da serra da Estrela, de uma forma global, das medidas que estão preparadas para serem implementadas no âmbito dos levantamentos efetuados.
Para além dos danos em habitações e empresas, o autarca referiu que, no seu concelho, “há muitos outros prejuízos, seja nas infraestruturas municipais, seja nas infraestruturas de abastecimento de água, seja na sinalização rodoviária”.
“Há um sem número de questões que nós já colocámos. Há outros levantamentos que ainda estão a ser concluídos também, mais ao nível municipal, e há muito trabalho para fazer. E, agora, esperamos que as medidas sejam efetivamente musculadas para fazer face a tantas necessidades, aquelas de curto prazo e aquelas de médio e de longo prazo, naturalmente, com o tal plano de revitalização que nós queremos começar a construir rapidamente”, disse.
Segundo o autarca da Guarda, o valor global de todos os prejuízos causados pelas chamas ainda não foi divulgado: “Cada um dos municípios enviou todos os dados que tinha, sobre os prejuízos diretos, agora sobre os prejuízos indiretos, é esse trabalho que deve estar a continuar a ser feito para que as medidas possam ser implementadas no mais curto espaço de tempo”.
No encontro, os autarcas apontaram as medidas que devem ser tomadas no imediato e abordaram o plano de revitalização da serra da Estrela.
Também manifestaram a sua preocupação para que as medidas para proteger, neste momento, “as encostas, as aldeias, as populações, as linhas de água, sejam implementadas rapidamente”.
“Os primeiros relatórios do pós-incêndio já foram enviados com as medidas” propostas pelos autarcas, para proteção das linhas de água e das encostas atingidas.
Os representantes dos municípios do PNSE voltaram a frisar a necessidade de estabilizar os solos, para evitar que a chuva arraste detritos para as linhas de água, como já aconteceu hoje em Sameiro, Manteigas, para que “as populações possam ser salvaguardadas”, indicou.
Sérgio Costa disse que os municípios enviaram todos os montantes dos prejuízos para a CCDRC e antes de os mesmos serem revelados pretendem “perceber quais é que são as linhas de financiamento” para iniciarem a reparação das estradas, das encostas, do abastecimento de água, etc.
“Nós continuamos com a expectativa elevada [em relação à ajuda do Governo]. Agora, queremos é que esta expectativa elevada se traduza em apoios efetivos à nossa população”, afirmou.
A reunião de segunda-feira “foi demorada” e os autarcas ficam a aguardar pelas medidas “que serão emanadas pelo Conselho de Ministros”, concluiu o presidente da Câmara da Guarda.
A serra da Estrela foi afetada por um incêndio que deflagrou no dia 06 de agosto em Garrocho, no concelho da Covilhã (distrito de Castelo Branco) e que foi dado como dominado no dia 13.
O fogo sofreu uma reativação no dia 15 e foi considerado novamente dominado no dia 17 do mesmo mês, à noite.
As chamas estenderam-se ao distrito da Guarda, nos municípios de Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira, e atingiram ainda o concelho de Belmonte, no distrito de Castelo Branco.
No dia 25, o Governo aprovou a declaração de situação de calamidade para o PNSE, afetado desde julho por fogos, conforme pedido pelos autarcas dos territórios atingidos.
A situação de calamidade foi já publicada em Diário da República e vai vigorar pelo período de um ano, para “efeitos de reposição da normalidade na respetiva área geográfica”.