O presidente da Câmara do Fundão, no distrito de Castelo Branco, disse hoje que o fogo consumiu mais de 10 mil hectares dos 70 mil do concelho, apesar de estes dados serem ainda provisórios.
Em declarações à agência Lusa, Paulo Fernandes explicou que já estão no terreno a fazer o levantamento dos prejuízos causados pelo incêndio, trabalhos que deverão estar concluídos para o final da semana.
O incêndio deflagrou no dia 13, em Arganil, distrito de Coimbra, e estendeu-se também aos concelhos de Pampilhosa da Serra e Oliveira do Hospital (distrito de Coimbra), Seia (Guarda) e Covilhã, Castelo Branco e Fundão (Castelo Branco).
A Câmara do Fundão disponibilizou apoio social e psicológico aos seus munícipes na sequência da extensão e gravidade do incêndio.
Os agricultores afetados pelo fogo estão também a receber alimentação para os animais, para fazer face às situações críticas e urgentes.
O incêndio que começou no Piódão, no concelho de Arganil (distrito de Coimbra), e que entrou em resolução no domingo, ao fim de 11 dias, apresenta uma área ardida de 64.451 hectares, de acordo com o relatório nacional provisório do Sistema de Gestão de Informação de Incêndios Florestais (SGIF) do ICNF, a que a agência Lusa teve acesso.
O relatório, com a última atualização de área ardida feita no domingo, confirma que este incêndio apresenta a maior área ardida de sempre em Portugal desde que há registos, ultrapassando a anterior marca do fogo que começou em Vilarinho, no concelho da Lousã, em outubro de 2017, que tinha atingido 53 mil hectares.
De acordo com o relatório provisório do SGIF, Guarda, Viseu e Castelo Branco são os distritos com mais área ardida.
Covilhã (20.257), Sabugal (18.726) e Trancoso (17.239 hectares) são os concelhos mais afetados pelos incêndios em relação à área ardida, seguindo-se Sernancelhe, Mêda, Arganil e Penedono, todos municípios com mais de 10.000 hectares ardidos.
Na quarta-feira, o investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) Paulo Fernandes já antevia que o incêndio de Arganil poderia ser o maior incêndio de sempre em Portugal, considerando que aquele fogo tinha as condições para se tornar grande.
O incêndio começou de madrugada, a partir de dois raios, numa cumeada de difícil acesso, propagando-se muito rapidamente nas primeiras horas, afirmou à agência Lusa o especialista em incêndios e membro das comissões técnicas de análise aos grandes incêndios de 2017.
O incêndio progrediu num território de difícil acesso e numa região que arde sucessivamente, havendo “um contínuo de vegetação cada vez mais homogéneo” que contribui para a progressão do fogo, explicou.