Ucrânia é um dos maiores exportadores de cereais e de fertilizantes agrícolas.
A guerra levou à interrupção das exportações de trigo, milho e óleo de girassol, num país que é um dos maiores exportadores de cereais. O número de pessoas em situação de fome em 2021 é o mais alto dos registos da ONU, e a guerra na Ucrânia pode fazer com que este ano seja ainda pior.
Os ataques levaram ao fecho de todos os portos do Mar Negro, o que impede a chegada e carregamento dos cereais para os navios. Para já, ficam armazenados, mas não se sabe até quando.
Os agricultores que podem, continuam o trabalho nos campos mas sem o escoamento de stock, em junho não terão espaço para guardar novas colheitas.
O Diretor-executivo do Programa Alimentar Mundial foi a Odessa, onde alertou para o facto de os cereais retidos no país ajudarem a alimentar 400 milhões de pessoas.
“Precisamos de abrir os portos, torná-los operacionais, ou teremos uma catástrofe em cima de uma catástrofe”.
É que o fecho das rotas tem efeitos em todo o mundo, afeta especialmente o Norte de Áfrico, o Médio Oriente e algumas partes da Ásia.
A Ucrânia e a Rússia são responsáveis por um terço da produção mundial de trigo e cevada e mesmo o que sai da Rússia tem neste momento um custo muito elevado.
A perda de acesso aos cereais usados na produção de massa e pão torna cada vez mais escassos os alimentos e aumenta muito os preços. Agrava-se a instabilidade política em países já vulneráveis, como a Etiópia, o Iémen e o Líbano, dependentes do trigo ucraniano.
Além do fecho dos portos, também a destruição de estradas e equipamentos agrícolas e a dificuldade no acesso a combustível na Ucrânia impedem o escoamento da produção, mesmo por rotas de exportação que não dependam do Mar Negro.
A Ucrânia é também o maior exportador de fertilizantes, o que pode vir a afetar as próximas colheitas noutros pontos do mundo.
Os dados de 2021 das Nações Unidas divulgados esta semana mostram um novo máximo de pessoas em situação de fome: mais de 193 milhões.
Desde sempre que os conflitos armados são parte do problema, também as condições climáticas extremas, cada vez mais comuns, e os efeitos económicos da pandemia contribuíram para o crescimento de quase 30% num ano.
Com esta guerra, que vai na décima semana, a previsão é que 2022 seja de ainda maior escassez.