A Associação Palombar escolheu o miradouro do Carrascalinho, no concelho de Freixo de Espada à Cinta, para, na quarta-feira, devolver à natureza um grifo e um milhafre-real, após terem sido recuperados, foi hoje divulgado.
“Através de uma colaboração realizada entre Hospital Veterinário da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro ( HVUTAD) e a Organização não Governamental de ambiente (ONG) Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, o milhafre-real e o grifo a serem devolvidos à natureza irão integrar o projeto ‘Sentinelas’ – Rede de Monitorização de Ameaças para a Fauna Silvestre”, explicou aquela associação ambiental em comunicado.
A ação de devolução à natureza de um milhafre-real (‘Milvus milvus’) e de um grifo (‘Gyps fulvus’), que foram resgatados e estiveram em recuperação física no Centro de Recuperação de Animais Selvagens do Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, terá lugar no Miradouro do Carrascalinho, localizado em Fornos, no concelho de Freixo de Espada à Cinta, em pleno Parque Natural do Douro Internacional.
“As aves serão equipadas com emissor GPS e receberão anilhas de PVC e metálicas, de forma a permitir a sua monitorização futura. Neste evento, estarão presentes representantes das entidades envolvidas, bem como agentes de conservação da natureza”, indicou a Palombar.
Segundo os biólogos da Palombar, a população residente de milhafre-real em Portugal tem um estatuto de ameaça “criticamente em perigo”.
“No território nacional, a população de milhafre-real é muito reduzida e encontra-se em declínio. Relativamente à população invernante desta espécie, está classificada com um estatuto ‘vulnerável’. As principais ameaças para esta espécie são o uso de veneno, abate a tiro, eletrocussão em linhas elétricas, redução da disponibilidade alimentar, desflorestação e colisão com aerogeradores em parques eólicos”, indicam os responsáveis pela associação ambientalista.
De acordo como os mesmos especialistas em avifauna rupícola, o grifo é uma das três espécies de abutres que ocorrem regularmente e nidificam em Portugal, apresentando um estatuto de “quase ameaçada”.
“A utilização de iscos envenenados, a redução da disponibilidade de alimento, a diminuição do aproveitamento pecuário extensivo, a perturbação humana, a eletrocussão, a degradação dos habitats, a perseguição humana e a instalação de parques eólicos sem um planeamento adequado são as principais ameaças para esta espécie”, justificam.
O projeto Sentinelas da Palombar foi criado em 2019, com a aprovação pelo Fundo Ambiental — Ministério do Ambiente e da Transição Energética, com o objetivo de acompanhar e marcar o seguimento de grifos ‘Gyps fulvus’, como ferramenta de combate ao uso ilegal de venenos em Portugal”, tendo sido desenvolvido em parceira com a Universidade de Oviedo.
Em setembro de 2020, a mesma entidade financiadora aprovou outro projeto da organização, com aquele mesmo parceiro, denominado “Avaliação da Vulnerabilidade da Fauna Silvestre ao Uso Ilegal de Venenos e Reforço da Rede de Sentinelas contra o Furtivismo”, o qual veio reforçar e integrar o projeto Sentinelas para criar uma Rede de Monitorização de Ameaças para a Fauna Silvestre.