Os Estados Unidos da América (EUA) vão analisar e monitorizar infeções por gripe aviária em vacas leiteiras levadas para o abate para melhor entender a forma como o vírus afeta a carne.
A nova investigação, programada para começar em setembro, é o mais recente esforço dos cientistas para combater o vírus da gripe aviária, ou H5N1, que tem disparado alarmes um pouco por todo o mundo.
De acordo com o artigo no The Guardian, os reguladores vão inspecionar 800 amostras provenientes de vacas leiteiras em diversos matadouros e pretendem criar uma representatividade do quão disseminado o vírus está na carne das vacas leiteiras em território americanos, enquanto visam trazer à luz do dia informações sobre potenciais riscos no consumo desta carne.
Se uma amostra testar positivo, o Departamento de Agricultura dos EUA irá adquirir essa mesma carcaça para fazer mais testes. Estas análises vão permitir testar a viabilidade do vírus, se pode ser replicado em laboratório e em que condições ou determinar qual a temperatura a que fica inativo.
Num estudo anterior, realizado em maio, os cientistas testaram 109 amostras provenientes de vacas leiteiras que mostraram sinais de doença após o abate, tendo encontrado partículas de H5N1 num dos animais.
As vacas leiteiras são, por norma, abatidas quando não produzem mais leite ou já estão perto do final de vida, sendo representativas de cerca de 10% da produção de carne bovina nos EUA, normalmente resultando em carne moída.
José Emilio Esteban, subsecretário de segurança alimentar do Departamento de Agricultura dos EUA, avançou que “cozinhar a carne picada completamente inativou o vírus”, sublinhando que “cozinhar a carne completamente ajuda a erradicar todo o tipo de patógenos transmitidos por alimentos e os consumidores precisam estar conscientes do potencial de transmissão de doenças e do controlo que têm nas suas próprias cozinhas”.
A Food and Drug Administration (FDA) dos EUA também esclareceu que, a partir de testes contínuos, concluíram que a pasteurização inativa completamente o vírus da gripe das aves no leite, tornando o leite pasteurizado seguro para beber, explica o artigo do The Guardian.
A FDS analisou 167 laticínios, incluindo manteiga e queijo feito a partir de leite cru, disponíveis em lojas de 27 estados dos EUA entre junho e julho, tendo concluído que, cerca de 17% dos produtos continham partículas virais inativadas e nenhuma delas era viável.
“No caso do queijo feito a partir de leite cru que testámos, nenhuma das amostras continha material genómico viral, sugerindo que as vacas que produziram o leite para preparar os queijos era de animais não infetados no momento da ordenha. No entanto, nenhuma conclusão pode ser tirada sobre se a produção e o envelhecimento de queijo feito a partir de leite não pasteurizado são suficientes para inativar o vírus”, afirmou Steve Grube, diretor médico do Centro de Segurança Alimentar e Nutrição Aplicada da FDA.
E continua: “também ainda não está claro se o consumo de leite cru pode causar infeção por H5N1, mas parece infetar alguns mamíferos dessa forma. Tem-se vindo a registar um aumento no interesse em beber leite não pasteurizado, que pode transportar patógenos mortais, tendo em conta este surto, não tem nenhum benefício em relação ao leite pasteurizado”.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.