Os desastres climáticos que atingiram a Europa recentemente, incluindo os incêndios florestais em Portugal, estão a ter um impacto crescente na população do continente, alertou hoje a Federação Internacional da Cruz Vermelha (FICV).
“A ciência nos dirá qual a relação direta das alterações climáticas com esses eventos isolados, mas são exemplos do que veremos daqui para frente e temos que aumentar proporcionalmente a nossa adaptação a essa nova realidade”, disse hoje o chefe regional de Saúde, Desastres, Crise e Clima da FICV na Europa, Andreas von Weissenberg.
Numa conferência de imprensa, Von Weissenberg destacou o impacto da tempestade Hans na Noruega, que causou graves inundações e obrigou à retirada de mais de 5.000 pessoas com a ajuda de 400 voluntários da Cruz Vermelha.
As equipas da FICV na Eslovénia estão igualmente envolvidas no fornecimento de alimentos, água e medicamentos a milhares de pessoas que tiveram que fugir das suas casas após chuvas torrenciais naquele país.
O responsável pela Cruz Vermelha recordou ainda outros acontecimentos recentes, tais como o aluimento de terras ocorrido na Geórgia na semana passada, que provocou a morte de 20 pessoas, ou os devastadores incêndios florestais registados em Portugal, que já consumiram 70 mil hectares.
Perante estas catástrofes climáticas, Von Weissenberg sublinhou que, apesar da intervenção dos voluntários, é fundamental preparar a população para salvar vidas.
“Eventos climáticos extremos como estes não se transformarão necessariamente em catástrofes, se as comunidades souberem o que fazer através de planos de ação e conscencialização”, disse Von Weissenberg.
Na Noruega, o nível das águas nos rios e lagos continua hoje a subir após vários dias de chuvas torrenciais e as autoridades estão a avaliar mais evacuações na região sudeste do país.
Enormes quantidades de água, cobertas de lixo, árvores partidas e outros detritos, estão a percorrer os caudais dos rios, segundo as agências internacionais, que relatam várias casas e parques de campismo inundados, bem como carros totalmente cobertos de lama.
Um dos locais mais afetados foi a cidade de Honefossen, onde o rio Begna galgou as margens e cerca de 2.000 pessoas já foram retiradas.
As autoridades locais estavam a considerar a possibilidade de deslocar mais pessoas para jusante, com receio de deslizamentos de terras.
“Estamos constantemente a tentar pensar alguns passos à frente. Estamos prontos para premir um botão vermelho ainda maior”, afirmou Magnus Nilholm, chefe dos serviços de emergências na região de Honefossen, em declarações à emissora norueguesa NRK.
Até ao momento, as autoridades norueguesas não forneceram o número de pessoas retiradas e deslocadas a nível nacional nos últimos dias, mas estimam que os prejuízos relacionados com a tempestade Hans, que atingiu esta semana o norte da Europa e afetou particularmente o sudeste da Noruega, possam ascender aos 100 milhões de dólares (cerca de 90 milhões de euros).
Na quarta-feira, uma barragem no sul da Noruega sofreu uma rutura parcial, após dias de chuva torrencial.
Inicialmente, os responsáveis locais chegaram a considerar a hipótese de fazer explodir parte da barragem da central hidroelétrica de Braskereidfoss para impedir que as povoações nas imediações fossem inundadas, mas a ideia foi descartada depois de a água irromper pela estrutura.