Em 2020, o valor do comércio mundial de frutas e legumes frescos atingiu 100 mil milhões de euros. No ano passado, o volume do comércio mundial de frutas e legumes foi de 87 milhões de toneladas, com as perturbações causadas pela pandemia de covid-19 a acentuarem a tendência decrescente no volume global do comércio de hortofrutícolas que se vinha a verificar desde 2018, altura em que se atingiu o pico no volume transaccionado.
Estes dados foram indicados por Nelli Hajdu, Trade & Business Development Director da Associação Europeia de Hortofrutícolas Frescos (Freshfel Europe), durante a edição de 2021 do Encontro Anual de Comércio desta entidade, que decorreu a 20 de Maio em formato online. Para a Freshfel Europe, a covid-19 acelerou as tendências de desaceleração dos volumes no comércio global de frutas e legumes frescos, bem como dos valores, que até então registavam um crescimento, e a análise das tendências no comércio de hortofrutícolas «demonstrou um desenvolvimento positivo» desse comércio, tanto a nível europeu como internacional, explica um comunicado.
Na União Europeia (UE), o volume do comércio interno de frutas e legumes foi de 29,2 milhões de toneladas em 2020, o que representa uma redução de 11% face a 2019. Quanto às exportações destes produtos realizadas pela UE, desceram para um recorde de 3,9 milhões de toneladas, mas em valor mantiveram uma tendência de subida, atingindo os 4,6 mil milhões de euros no ano passado.
«A procura continuou forte em mercados europeus chave não-UE e a abertura parcial do mercado mexicano para alguns hortofrutícolas europeus abriu novas possibilidades, embora a diversificação da exportação se mantenha baixa, com uma incapacidade de retomar os volumes registados antes do embargo da Rússia», referiu Natalia Santos, Trade & Market Access Director da Freshfel Europe. Natalia Santos acrescentou ainda que, «devido à pandemia,vários mercados florescentes para as exportações da UE apresentaram uma diminuição na procura em 2020, em comparação com 2019, como a Índia (-58%), a China (-65%), o Qatar (-24%), Marrocos (-14%) e Egipto (-30%)».
As importações para a UE-27 (com 27 Estados-membros) desceram 5% em volume face a 2019, para 12,8 milhões de toneladas, mas em valor subiram 6%, para 14,8 mil milhões de euros. Apesar das circunstâncias de 2020, a maioria dos fornecedores da UE continuaram a crescer no mercado da União Europeia, com as maiores taxas de crescimento para o período 2015 a 2020 a serem registadas na Índia (+45%), na Guatemala (+37%), no Egipto (+68%) e no Peru (+66%).
«Será essencial que o sector de frutas e legumes frescos erga a sua voz nos próximos anos quanto à importância de se aumentar o consumo e o comércio de hortofrutícolas frescos para se atingir os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e os objectivos do Pacto Ecológico Europeu, sobretudo no que diz respeito a uma transição para dietas mais sustentáveis, à base de plantas», diz Philippe Binard, secretário geral da Freshfel Europe. «O sector tem a responsabilidade de continuar a posicionar-se no debate da economia circular e de salientar a importância da produção local e europeia, bem como do fornecimento internacional, para garantir aos consumidores europeus uma disponibilidade de frutas e legumes frescos diversificada e sustentável durante todo o ano», concluiu.
O artigo foi publicado originalmente em Revista Frutas Legumes e Flores.