O debate sobre a forma mais eficaz de enfrentar os efeitos do incremento da inflação, substancialmente agravada pelo choque geopolítico em que vivemos, constitui uma questão central da agenda política.
Responder de forma eficaz e sustentável a este desafio exige a perceção da origem deste fenómeno.
Tendo começado antes da guerra, decorrente do excesso da procura face à oferta disponível, que estava amputada na sequência dos efeitos do covid, e pela incapacidade logística das cadeias de distribuição, o início do aumento dos preços foi conjuntural, e seria expectável um ajustamento no curto prazo da capacidade de resposta da oferta.
O eclodir da guerra agravou essa pressão inflacionista numa primeira fase essencialmente na energia e setor alimentar, e que progressivamente vai sendo alargado muitos outros setores por via da incorporação dos aumentos dos custos energéticos.
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Ainda esta semana o FMI reafirmou e consolidou essa perspetiva prevendo para Portugal uma taxa de inflação no próximo ano de 1,5%, menos de metade do valor previsto para este ano (4%).
Perante esta realidade, a estratégia eficaz deve assentar em medidas conjunturais, de efeito direto e imediato, que visem evitar a propagação das pressões inflacionistas e mitigar os seus efeitos diretos.
É essencial atuar em quatro eixos fundamentais: 1 – Contenção do preço da energia, 2 – Apoio direto aos setores produtivos com utilização mais intensiva de energia, 3 – Apoio direto às famílias mais vulneráveis e com menor capacidade de suportar, conjunturalmente, o aumento de custos dos bens essenciais, 4 – Acelerar a transição energética.
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Nos apoios à produção para a Agricultura e as Pescas, o alargamento dos benefícios no ISP, a isenção do IVA para os fertilizantes e rações, o apoio direto à mitigação dos custos acrescidos com a alimentação animal e o reforço do apoio à utilização de energias renovais na agro industria e explorações agrícolas […]