A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) defendeu que “todo o modelo” da Política Agrícola Comum (PAC) falhou e que os apoios do Governo não passam de um caderno de intenções.
Os protestos de hoje resultam “de uma grande insatisfação que já estava no terreno […]. Os agricultores estão, há muito, descapitalizados. Os preços pagos pelos seus produtos são muito baixos, em alguns casos, miseráveis, não cobrem os custos de produção”, apontou o dirigente da CNA Pedro Santos, em declarações à Lusa.
Para a confederação, é “muito natural” que os agricultores se revoltem, mostrando-se assim solidária com a luta do setor.
“Não é um problema português, é todo um modelo da PAC que falhou”, referiu.
O Governo anunciou, na quarta-feira, um pacote de apoio aos agricultores, com mais de 400 milhões de euros de dotação, destinado a mitigar o impacto da seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC).
A CNA disse que em causa estão apenas ajudas, que não resolvem os problemas do mercado.
“É mais um caderno de intenções do que medidas imediatas. A única medida com efeitos imediatos é a descida do ISP [Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos] do gasóleo agrícola. A grande maioria das medidas precisa de aprovação por parte da Comissão Europeia”, sublinhou.
A Lusa contactou também a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e a Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri) e aguarda uma resposta.
Os agricultores saíram hoje à rua, de Norte a Sul do país, bloqueando estradas com tratores parados ou em marcha lenta, pela flexibilização da PAC, valorização do setor e condições justas de trabalho e concorrência.
O protesto foi organizado pelo Movimento Civil de Agricultores e juntou-se às manifestações que têm ocorrido em outros pontos da Europa.