O primeiro semestre do ano merece uma avaliação negativa por parte da associação ambientalista Zero, que destaca que Portugal está numa “trajetória inversa”, principalmente, no que diz respeito à redução das emissões de gases com efeito de estufa e dos resíduos urbanos. Francisco Ferreira fala em “recordes infelizes” relacionados com as alterações climáticas e alerta para a necessidade de “mudanças estruturais”.
No âmbito do debate do Estado da Nação, que está marcado para o dia 20 de julho, no Parlamento, no Verdes Hábitos desta semana falamos sobre o estado do ambiente em Portugal. Do clima à mobilidade, passando pelos resíduos, pela economia circular e pelas energias renováveis, Francisco Ferreira, da associação ambientalista Zero, afirma que o primeiro semestre do ano “não têm sido feliz” no que toca às questões ambientais e climáticas.
“Em Portugal, não estamos a fazer as mudanças estruturais que devíamos e por isso acabamos por ter novidades como o aumento da poluição do ar em Lisboa, em particular na Avenida da Liberdade, onde a qualidade do ar tem vindo novamente a deteriorar-se. Também em relação às emissões de gases com efeito de estufa, que são as causadoras do aquecimento global e das consequentes alterações climáticas, já há dados que nos apontam para o facto de 2022 ter sido um ano pior do que o anterior e de forma significativa”, explica o presidente da Zero.
De uma forma global, o especialista aponta “todo um conjunto de recordes infelizes relacionados com o clima, nomeadamente temperaturas diárias, o panorama de um planeta que está a ver o seu clima a mudar mais depressa do que os cientistas previam”. Francisco Ferreira dá o exemplo da situação de seca que Portugal tem vindo a atravessar, principalmente, no Algarve e no Alentejo.
Mobilidade: os impactos dos transportes e as energias renováveis
Um estudo recente mostra que a cidade de Lisboa não está preparada para uma mobilidade sustentável. Francisco Ferreira defende que o que está a falhar tem a ver com “a não penalização do uso do automóvel”.
“Do ponto de vista dos preços dos combustíveis, o Governo acabou por criar mecanismos para reduzir, por exemplo, a taxa de carbono ou outros impostos e agora está a retirar essas isenções temporárias. Nós estamos a constatar que o consumo de combustíveis em Portugal, por exemplo, aumentou cerca de 10% em maio deste ano em comparação com maio de 2022 e, entre abril e maio deste ano, este consumo aumentou 14,4%”, adianta.
A cidade de Lisboa “não tem medidas para tirar os carros da cidade e, por isso, os impactos em termos de ruído e de poluição do ar continuam a ser muito significativos”.
O especialista alerta, ainda assim, que “Lisboa tem um compromisso muito importante, que é o de atingir a neutralidade carbónica em 2030, sendo uma das 100 cidades com este objetivo”. “Se não está a fazer nada em relação ao transporte rodoviário, obviamente, não vai atingir essa meta e isso está a deixar-nos preocupados e infelizes.”
Os transportes são um dos setores mais responsáveis pela poluição do ar e pela emissão de […]