Centenas de agricultores manifestaram-se hoje, em Braga, para reclamar ao Governo o escoamento da produção agrícola e florestal nacional a “preços justos” numa altura de subida de preços das matérias-primas.
O protesto, convocado pela Confederação Nacional de Agricultores (CNA), aconteceu “à boleia” da abertura da 54.ª edição da AGRO – Feira Internacional de Agricultura, Pecuária e Alimentação, que decorre até domingo, no Altice Forum Braga.
“Agricultores estão a ser explorados e arruinados. Exigimos escoamento e preços justos para os nossos produtos. Combate à especulação com os preços dos fatores de produção” eram as frases que se podiam ler na tarja que encabeçava a manifestação.
Vítor Rodrigues, dirigente da CNA, disse à Lusa que se impõe mudança de políticas por parte do Governo, mas manifestou algum ceticismo e alguma preocupação em relação a essa alteração, face à recondução de Maria do Céu Antunes como ministra da Agricultura.
Para o responsável, a mudança de política “terá mesmo de ocorrer”, face aos “tempos complicados” que se vivem, seja pela pandemia de covid-19, seja pela seca, seja pela guerra na Ucrânia.
O dirigente defendeu que é preciso baixar os preços dos fatores de produção, designadamente combustíveis e eletricidade, e regular a comercialização, de forma a que a grande distribuição “não obrigue os pequenos produtores a venderem abaixo do custo de produção”.
A CNA considera que “a situação grave do setor exige medidas urgentes”, sublinhando que “os agricultores vendem os seus produtos a preços baixíssimos, enquanto a grande distribuição fica com a fatia de leão do que os consumidores pagam pela sua comida”.
Para a CNA, “os preços dos combustíveis, da eletricidade, das rações, dos fertilizantes não param de aumentar e as despesas dos agricultores familiares para produzirem são incomportáveis”.
A confederação diz ainda que as explorações agrícolas de menor dimensão “são eliminadas a um ritmo alarmante” e que a terra se concentra nas mãos de grandes empresas e de grandes proprietários.
“Enquanto o Governo privilegia com apoios uma agricultura para exportar, a dependência do exterior em bens agroalimentares é escandalosa”, acrescenta.
Para a CNA, os problemas agravam-se “de forma drástica”, seja pelos constrangimentos com a pandemia, pela seca ou pela situação de conflito na Europa.
“As dificuldades dos agricultores são muitas e tendem a agravar-se a cada dia, sem respostas eficazes por parte do Governo”, remata.
15 Medidas Urgentes: Em defesa da Produção Nacional, da Agricultura Familiar e do Mundo Rural