O desenvolvimento do Interior volta a estar na agenda nacional. A atividade florestal pode desempenhar um papel na fixação das populações.
O Interior de Portugal perdeu população de forma acentuada na última década e hoje cerca de 50% da população concentra-se nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. Os primeiros resultados dos recenseamentos gerais da população e habitação – Censos 2021, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), revelam que 257 municípios portugueses (de um total de 308) continuam a perder pessoas desde 1970, voltando a colocar a recuperação do mundo rural na agenda mediática.
“Os números são preocupantes, mas só confirmam aquilo que já sabemos: a falta de mão-de-obra que afeta as operações na floresta e na agricultura”, afirma Luís Damas, à “Produtores Florestais”, reclamando incentivos públicos para “cativarmos os jovens para a floresta”. O presidente da Federação Nacional das Associações de Proprietários Florestais (FNAPF) defende que a única forma de mudar o território é “permitir que as pessoas tirem rendimento na sua atividade rural”.
“Tirando a pequena agricultura que existe nos territórios de baixa densidade, a floresta é o grande catalisador, absorvendo mão-de-obra e investimentos”, prossegue Luís Damas, destacando o papel que esta representa como veículo de fixação de pessoas e de desenvolvimento rural. “Tudo o que é a riqueza, hoje no Interior, está ligado à floresta. Estamos a falar da floresta de produção, mas também da caça, do mel, das aromáticas”, afirma o dirigente.
Setor com elevado impacto na economia
Base de um setor com elevado impacto na economia nacional, alicerçado nas fileiras do sobro, pinho e eucalipto, a floresta ocupa mais de um terço do território nacional e representa uma oportunidade para a recuperação do interior e da economia rural. O potencial está refletido em mais de 100 mil empregos diretos e em cerca de 24 mil empresas, repartidas pela indústria, silvicultura e comércio.
Luís Damas, presidente da FNAPF, destaca o papel que a floresta representa como veículo de fixação de pessoas e de desenvolvimento rural. “Tudo o que é a riqueza, hoje no Interior, está ligado à floresta”, afirma.
Portugal tem na floresta duas matérias-primas – a fibra de madeira e a cortiça – que colocam o país na liderança europeia e mundial em setores chave das indústrias de base florestal. Estas indústrias são fortemente exportadoras, com um saldo excedentário na balança comercial, que, em 2020, foi de 2,3 mil milhões de euros.
As exportações de bens produzidos pela fileira florestal representam 9% do total nacional, sobressaindo a fileira da pasta e do papel como responsável por cerca de metade deste valor.
O artigo foi publicado originalmente em Produtores Florestais.