Cães e gatos são estranhos à natureza, são organismos que geneticamente modificámos para nosso proveito. Há países onde conservar a natureza passar por os eliminar. Cá juntamos tudo sob a mesma alçada
O acalorado debate sobre o episódio do canil de Santo Tirso causa-me muita estranheza e apreensão.
Estranheza por não se centrar nalgumas questões chave: caso do que foi feito em quatro anos na adaptação à legislação que proibiu os abates, das verbas para tal (um milhão por ano para custos estimados em 100 milhões), da pacífica convivência com ilegalidades, ou mesmo da limpeza de terrenos, nomeadamente PMDFCI, fiscalização, atuação municipal na substituição coerciva aos proprietários, etc.
Apreensão pela apressada, e consequentemente cega, resposta: ignorando o secular trabalho da DGAV, muda-se a tutela de um Ministério da Agricultura cada vez mais vazio (pescas, florestas, animais, ainda acaba a legislatura sem tutelar nada) para o Ministério do Ambiente, quiçá inspirados no nome de um conhecido partido político, que bem precisava do gás recém perdido, juntando no mesmo saco conservação da natureza com bobys e tarecos.
Animalismo e conservação da natureza? Não bate a bota com a perdigota.
“O inimigo do meu inimigo, meu amigo é”. Por conveniência, a luta anti-capitalista, o monstro do dinheiro, animalismo e ambientalismo estreitam laços na nossa sociedade.