A Comissão Europeia espera que este volte a ser um verão atípico na União Europeia (UE) com fenómenos meteorológicos extremos como ondas de calor que causam incêndios e chuvas que provocam cheias, preparando-se para ajudar os países europeus.
“Todos estes acontecimentos, todos estes fenómenos meteorológicos extremos estão a tornar-se mais frequentes e mais intensos”, afirma em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas, o comissário europeu para a Gestão de Crises, Janez Lenarčič.
Numa altura em que a Europa do sul enfrenta elevadas temperaturas e a do centro e norte se vê confrontada com dias consecutivos de chuva, o responsável garante que os serviços de Proteção Civil estão preparados para ocorrências como incêndios ou inundações, nomeadamente através do mecanismo criado em 2001 para resposta a catástrofes.
“Assinalamos agora o terceiro aniversário das terríveis inundações na Bélgica, na Alemanha, nos Países Baixos e no Luxemburgo, nas quais morreram mais de 200 pessoas, e ninguém se lembraria de algo assim no passado”, de tais fenómenos ocorrerem em pleno verão, apontou Janez Lenarčič.
O responsável assinalou que estas situações atípicas têm vindo a acentuar-se com o decorrer dos anos, sendo que, “no ano passado, pela primeira vez na existência do Mecanismo de Proteção Civil da União, foram feitos dois pedidos no mesmo dia – em agosto – para apoio a inundações na Eslovénia e outro devido a incêndios florestais de Chipre”.
Para este verão, a UE constituiu uma frota especial composta por 28 aviões de combate a incêndios e quatro helicópteros em 10 Estados-membros, incluindo Portugal, com dois aviões ligeiros.
A Comissão Europeia destinou também um envelope financeiro de 600 milhões de euros de fundos da UE para facilitar a aquisição de mais 12 aeronaves, que serão repartidas entre seis países do bloco.
O ano de 2023 teve uma das piores épocas de incêndios florestais jamais registadas na UE, tendo sido reforçada a frota aérea de combate estes fogos.
O Mecanismo de Proteção Civil da UE foi ativado 10 vezes no ano passado, chamando o bloco a colaborar quer no combate a incêndios em Estados-membros e participantes (Islândia, Noruega, Sérvia, Macedónia, Montenegro, Turquia, Bósnia-Herzegovina, Albânia, Moldava e Ucrânia), quer em países terceiros como Chile, Bolívia e Canadá.
Desde a sua criação em 2001, o Mecanismo de Proteção Civil da UE foi ativado mais de 700 vezes para responder a emergências.
No que toca às temperaturas, dados divulgados no início deste mês revelam que, em junho, a Terra bateu, pelo décimo terceiro mês consecutivo, um novo recorde mensal de calor.
Junho foi globalmente mais quente do que qualquer junho anterior de que há registo, com uma temperatura média do ar à superfície de 16,66° Celsius (C), ou seja, 0,67°C acima da média do período de 1991 a 2020 para esse mês e 0,14°C acima do anterior máximo estabelecido em junho de 2023.
Na Europa, este junho foi o segundo mais quente de que há registo, com 1,57ºC acima da média do período entre 1991 e 2020.