O Luís chegou da escola mesmo a tempo de acompanhar a carga do último reboque da nossa silagem de erva deste ano. Falta fechar o silo.
Chamamos “silagem” ou “ensilagem” a um processo de conservar forragem (ervas ou milho) guardada com alguma humidade num ambiente anaeróbio (sem ar) para que ocorra uma fermentação que vai permitir a conservação da comida para os animais durante meses ou anos. Apesar de ser uma técnica já conhecida no antigo Egipto, só há cerca de 50 anos começou a ser usada pelos agricultores portugueses de forma regular.
No dia 25 de Abril de 1974, o meu pai andava a fazer silagem de erva. Alguns anos antes, ele tinha comprado na “Casa Catela”, em Vila do Conde, um corta-forragens “JF” e um reboque da mesma marca. Essa máquina JF, tal como as sucessoras “Taarup”, cortava recortava de forma grosseira e carregava diretamente a erva, mas não havendo uma pré-secagem a silagem ficava húmida e com um cheiro forte e pouco agradável, pelo que a prioridade era cortar a erva com a JF para o chão, mexer com um virador também “JF”, secar a erva e guardar sob a forma de feno.
Em 1986, seguindo o exemplo dos outros agricultores, começámos a fazer alguma silagem com o reboque forrageiro “Santini”, que só tinha 5 facas, pelo que o recorte era grosseiro e a silagem difícil de lidar na alimentação dos animais, de modo que continuámos a apostar no feno. 10 anos mais tarde, em 1996, comprámos o reboque autocarregante “Campeva”, já com 21 facas e outra capacidade de recorte e que já permitia usar o reboque unifeed para carregar essa erva no silo e dar aos animais de forma mecanizada. Pelo mundo fora e também por cá há quem prefira este sistema, com reboques maiores e mais perfeitos no trabalho.. Alguns anos mais tarde, pelo ano 2000, chegaram as enormes corta-forragens / “automotrizes”, como a que usamos hoje, que fazem um recorte mais preciso e permitem uma melhor conservação da erva no silo, porque quanto mais pequenos são os pedaços, melhor é a compactação da forragem, a expulsão do ar e a fermentação sem bolores ou podridão. Também surgiram as enfardadeiras e plastificadoras de rolo, que permitem fazer “fenosilagem”; É mais caro, por causa do plástico necessário, tem algum risco de conservação se o plástico for picado por animais, mas tem vantagem de ser prático e permite cortar cada parcela no momento certo.
#carlosnevesagricultor
O artigo foi publicado originalmente em Carlos Neves Agricultor.