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– 15-04-2011 |
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Bafarela 17: vinhos pol�micos que despertam paix�es
Os vinhos Bafarela 17 suscitam pol�mica pelo seu teor alco�lico mas, ao mesmo tempo, despertam paix�es junto dos consumidores. são vinhos que expressam o terroir: nasceram gra�as �s condi��es especiais do local onde as uvas são produzidas. T�m uma elevada gradua��o, mas são surpreendentemente frescos. E muito gastron�micos Também. O Bafarela 17 Grande Reserva 2009 foi recentemente apresentado em Lisboa e continuou a surpreender apreciadores. Tr�s padres, dois agentes da PJ, um presidente de C�mara, advogados, empres�rios, arquitectos, construtores� O grupo � heterog�neo e tem proveni�ncias diversas – Guimar�es, Braga, Aveiro, Coimbra, Albufeira, Lisboa� No passado dia 5 de Abril, todos se juntaram na Marisqueira Nunes Real, em Lisboa, por uma �nica raz�o: festejar o lan�amento de mais uma edição (2009) de um vinho chamado Bafarela 17. A reuni�o deste grupo não ocorreu por acaso. Todos eram j� fortes apreciadores deste vinho do Douro, produzido pela Casa Brites Aguiar, situada em V�rzea de Trev�es (S. Jo�o da Pesqueira). Numa altura em que as tend�ncias do mercado motivam a produ��o de vinhos cada vez menos alco�licos, a Casa Brites Aguiar lanãou pela quarta vez no mercado o Bafarela 17, um vinho que representa em si uma ousadia. Com os seus 17 graus de teor alco�lico, este � um dos vinhos tranquilos mais alco�licos de Portugal. � Também seguramente um dos vinhos mais controversos: se, por um lado, alguns jornalistas da especialidade criticam a sua elevada gradua��o, por outro, o consumidor rende-se a este vinho gastron�mico. Ao ponto de as colheitas esgotarem sempre antes mesmo do seu lan�amento. Os Bafarela 17 despertam paix�es junto dos consumidores e o encontro de Lisboa voltou a confirmar este fen�meno, cada vez mais invulgar no mundo dos vinhos, dominado por uma profusão de marcas. "� um vinho muito, muito saboroso", sublinhava o padre de Guimar�es. "� um vinho com car�cter, forte, mas ao mesmo tempo muito fresco", acrescentava o propriet�rio de uma cervejaria de Lisboa. "N�s decidimos não s� consumir o vinho, mas Também difundi-lo", confessava o outro padre, de Aveiro. De facto, são os apreciadores do Bafarela 17 os maiores promotores deste vinho. Curiosa � a hist�ria de um arquitecto de Lisboa que, em 2006, provou uma garrafa de Bafarela 17 e logo de seguida comprou mais de 30 caixas de vinhos Brites Aguiar. "Comprei todas as garrafas que encontrei nas garrafeiras de Lisboa. Gastei cerca de 12 mil euros em vinhos, grande parte deles para oferecer aos amigos", conta o arquitecto, que passou a ser conhecido pelos amigos como o "padrinho" dos vinhos Brites Aguiar. E não � para menos. Gra�as � sua influ�ncia, os vinhos Brites Aguiar passaram a ser apreciados por muitos consumidores, entre os quais diversos propriet�rios de restaurantes. Ap�s esgotar os vinhos Brites Aguiar em Lisboa, o mesmo arquitecto procurou na Internet informações sobre o produtor e logo quis conhecer a propriedade onde os mesmos são produzidos. Este �, ali�s, um aspecto comum a grande parte dos apreciadores do Bafarela 17 que, como sublinha Ant�nio Brites Aguiar, principal rosto do projecto duriense, "fazem verdadeiras peregrina��es � adega". Para conhecerem o terroir que d� origem a estes vinhos, as hist�rias que os rodeiam, conhecer o produtor e adquirirem os mesmos na pr�pria adega. Actualmente, para satisfazer a procura � volta do Bafarela 17, o produtor Brites Aguiar, tem que fazer uma esp�cie de rateio junto dos principais clientes, entre os quais restaurantes, garrafeiras e consumidores finais. "As 8.933 garrafas que fizemos da colheita de 2009 são muito poucas para a procura", anota Ant�nio Brites Aguiar. "Queria mil garrafas para mim e outras mil para a minha mulher, mas s� consegui mil", sublinha o dono de uma cervejaria de Lisboa. A cada nova colheita, o produtor tem garantida a comercializa��o. De resto, a rela��o qualidade – pre�o do vinho � um factor que agrada aos consumidores (o Bafarela 17 Grande Reserva tem um PVP de 20�). Bafarela 17: fruto do acaso Também para o produtor, os Bafarela 17 são vinhos de paix�o. T�m car�cter Douro e resumem em si a expressão do terroir que lhes d� origem. Numa parcela conhecida por Bafarela, no vale do rio Torto, situada numa zona muito abrigada e de grande exposi��o solar, a matura��o das uvas ocorre sob um calor sufocante e teores de humidade muito baixos. Uvas com elevada concentra��o de a��cares e produ��es baix�ssimas – inferiores a 2000 litros por hectare -, são a resposta das videiras a estas condi��es. Na composi��o do Bafarela 17, estáo a Touriga Franca, a Tinta Roriz e a Tinta Barroca. Foi o acaso que ditou o nascimento deste vinho. O primeiro Bafarela 17 foi feito com Touriga Franca, uma casta que muitas vezes tem dificuldade em atingir elevadas gradua��es. Mas, naquele ano – em 2004 -, as uvas apresentavam essa gradua��o e o produtor e a equipa de enologia (Duplo PR) decidiram arriscar e fazer um vinho diferente. "Depois de as uvas entrarem nas cubas, quando fizemos a segunda remontagem, medimos a densidade e apercebemo-nos que o teor alco�lico potencial estava a disparar… Quando nos apercebemos que t�nhamos um vinho com 17 graus, decidimos arriscar", confessa Pedro Sequeira, da equipa de enologia Duplo PR. "Era algo completamente novo para n�s. não conhec�amos ningu�m que tivesse feito um vinho com 17 graus", conclui. O Bafarela 17 rompeu com a pr�tica: "Inicialmente o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto não queria aprovar este vinho por ter 17 graus, mas depois chegaram � conclusão que era poss�vel", refere a dupla de en�logos, Ant�nio Rosas e Pedro Sequeira. "Havia quem dissesse que não era poss�vel fazer um vinho de mesa com 17 graus", sublinham. O vinho chegou ao mercado em 2006 e rapidamente conquistou adeptos. Para a dupla de enologia Duplo PR, o Bafarela 17 vai buscar as suas ra�zes � "inf�ncia" dos vinhos do Vale do Douro, na pureza primitiva de vinho seco e arom�tico. Gaspar Martins Pereira, conhecido historiador, reconhece que este era o perfil dos vinhos defendidos pelo pr�prio Bar�o de Forrester (s�culo XVIII), um ingl�s que se notabilizou pela sua dedica��o ao Douro e pela defesa intransigente da qualidade dos vinhos do Douro. Numa comunica��o que fez em 1992 – Na Inf�ncia de um Grande Vinho: Entre o "Vinho de P�" e o "Port-Wine" – Gaspar Martins Pereira recorda a hist�ria dos vinhos do Porto antes da aguardenta��o: "Na sua longa evolu��o até atingir a maturidade, tal como actualmente o conhecemos, o Vinho do Porto estava ainda próximo da inf�ncia, na pureza primitiva de vinho seco, velho e arom�tico. O uso da aguardente na fermenta��o, para evitar o desdobramento da glucose e atingir maior do�ura, não se tinha ainda generalizado. S� em meados do s�culo passado, o "novo sistema" de vinifica��o, como ent�o se denominava, se tornaria pr�tica corrente." (in , Gaspar Martins Pereira, 1992). Fonte: Greengrape
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