O aumento dos fatores de produção e a escassez de determinados materiais essenciais para a comercialização está a preocupar os produtores.
Na Casa de Santo Amaro, na região de Mirandela, prepara-se mais uma encomenda do azeite. A incerteza, a preocupação e até a angústia, mas também a vontade de dar a volta por cima, marcam os dias de quem se dedica à produção e comercialização de azeite. Para este ano, as expetativas eram grandes, mas a guerra na Ucrânia veio baralhar as contas e agora teme-se o futuro.
António Pavão conta à Renascença que já não é fácil encontrar alguns materiais indispensáveis à atividade.
“Começa a haver muita falta de vidro para engarrafar, os prazos de entrega estão a ser muito estendidos, além dos preços que estão a aumentar. Além disso, os fatores de produção, os combustíveis e os fertilizantes tiveram um aumento surreal”, conta o produtor, acrescentando que “não é fácil conseguir incorporar isto e depois passar ao consumidor finais.
Começa a faltar o vidro
Do mesmo se queixa João Rosa Alves, diretor de produção de duas marcas de azeite na região do Douro. “Os fatores de produção aumentaram. É difícil encontrar no mercado diversos materiais, essencialmente na questão do vidro, neste caso, para o embalamento.”
Segundo o diretor de produção da “Me Wine Company”, “existem muitas referências que já nem sequer vão entrar em produção, porque já eram pequenos produtores que faziam pequenas quantidades”.
“Temos fornecedores a dizerem que já nem sequer vão produzir. Na semana passada tive um contacto de um fornecedor que, em relação ao ano passado, já tinha aumentado cerca de 11%, a dizer que, a partir de 1 de abril, irá sofrer um novo aumento, ainda de 18%. Neste caso estamos a falar só em relação ao vidro”, detalha, destacando que o aumento é de “29% de um ano para o outro”.
Insegurança e instabilidade
João Rosa Alves nota que “há cada vez menos confiança para se comprar e para se fazer stocks” e “há cada vez mais instabilidade que vai levar a todos muitas preocupações”.
A solução para contornar as dificuldades que atingem o setor podem passar por “tentar reduzir à produção e às técnicas a utilizar ou às matérias-primas, tanto de embalamento como de produção”.
“Se calhar tem que se fazer uma segunda análise, porque os produtos estão cada vez mais caros e isso vai-se refletir, depois, no preço do produto final e é preciso também ter-se a noção se o cliente está predisposto a esse aumento do custo para se manter a mesma qualidade de produto”, sinaliza.
A empresa comercializa cerca de cinco mil garrafas de duas marcas de azeite por ano e, até ao momento, as vendas estão a manter-se conforme estavam estipuladas, mas o cenário pode vir a alterar-se, se o conflito […]