Uma economia estrangulada entre alimentação, habitação e transporte, é uma economia incapaz de gerar riqueza. É uma economia que pode apenas almejar a existir, vendo no progresso e no crescimento económico uma utopia.
É característica intrínseca a todo o Oeste português a existência de uma fresca brisa que, transportando um aroma de lírio e sabor a mar, serve de dínamo aos moinhos de vento da região, permitindo-lhes cumprir a sua função de transformar o grão de trigo na farinha que dará origem ao pão. Também os gélidos leitos de água, que, pela região geologicamente tumultuosa de Entre Douro e Minho, fluem adormecidos por socalcos e montanhas, despertam no momento em que o seu poder hídrico permite a moagem do grão de trigo em farinha que se tornará pão. Assumindo como verdadeira a tradição popular de que o pão é vida, a vida nunca esteve tão cara.
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A alimentação tem vindo também a assumir uma preponderância cada vez mais significativa nas despesas dos portugueses. Ao longo dos últimos anos o valor dos bens alimentares tem vindo a aumentar sobremaneira. Segundo a Organização para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas (FAO), o preço dos alimentos atingiu máximos históricos no passado mês de Fevereiro, tendo sofrido um aumento até 12,5% nos últimos dois anos. Isto vai ao encontro daquilo que têm vindo a ser as tendências de consumo das famílias portuguesas […]