Inflação no longo prazo, a execução do PRR, a crise alimentar fruto da guerra e o aumento do prémio de risco da dívida pública face à Alemanha na lista de preocupações dos CEO dos seis maiores bancos. A banca vai fazer parte da solução e não do problema defendem.
Os CEO da CGD, BCP, Novobanco, Santander Totta, BPI e Crédito Agrícola estiveram no Fórum Banca organizado pelo Jornal Económico e PwC. Apesar do tema principal ter sido as novas exigências decorrentes dos critérios ESG de sustentabilidade ambiental, social e de governance, o painel que juntou Paulo Macedo; Miguel Maya; Pedro Castro e Almeida; João Pedro Oliveira e Costa; e Licínio Pina chamava-se “o Estado da Nação da banca” e não há como evitar discutir o impacto da inflação que atingiu os 7,2% em abril (o valor mais alto em 29 anos) na banca. Recorde-se que a presidente do BCE admitiu a subida das taxas de juro já em Julho. Christine Lagarde diz que o agravamento das taxas acontecerá “algumas semanas” depois do fim do programa de compra de dívida.
Outro tema que impacta nas contas e balancos dos bancos é a subida dos juros soberanos, e sobretudo o aumento do prémio de risco face à Alemanha para o qual os bancos não conseguem mitigar o efeito com instrumentos de cobertura, os famosos swaps.
Paulo Macedo, o CEO do maior banco português, voltou a dizer que está confiante na economia nacional e repetiu que não anteve uma recessão no curto ou médio prazo em Portugal. Lembrou que o BCE pode subir os juros abaixo de 100 pontos base até ao fim do ano e até 150 pontos em dois anos, o que não considera dramático dado o nível de taxas de juro atual “anormalmente baixo”.
“Na anterior crise estávamos com 400 pontos”, disse o CEO da CGD que voltou a falar dos mitigantes do impacto macroconómico nas empresas e nas famílias. Desde logo o setor privado está bastante menos endividado, “ao contrário do setor público”, disse. As empresas aumentaram a autonomia financeira, diz o banqueiro.
“Temos mais poupança gerada quer pelas famílias, quer pelas empresas”, referiu acrescentando que a CGD aumentou os seus depósitos em 6 mil milhões de euros.
Paulo Macedo lembrou ainda que o crescimento do PIB no primeiro trimestre foi melhor do que o esperado e que a previsão para o fim do ano é positiva. No entanto salvaguardou que a sua análise não rejeita que a guerra acentue os cenários adversos.
Para 2023 a economia conta com o impacto positivo do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência), referiu ainda o presidente da Caixa que acrescentou que é preciso assegurar que uma subida excessiva da inflação não provoque uma recessão.
O CEO da CGD lembrou que o contexto económico tende a afectar mais os bancos do centro da Europa, nomeadamente dos austríacos e dos holandeses […]