A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) vinificou este ano, pela primeira vez, 10 mil litros de vinho na nova adega experimental que se tornou numa sala de aula para os alunos da academia transmontana.
Tiago Alves de Sousa, enólogo responsável pela adega experimental da UTAD, construída no campus, em Vila Real, disse hoje que este foi o “ano zero” e que “correu muito bem”.
“A grande importância é ajudarmos a preparar a futura geração de enólogos”, realçou o também docente, que falava à margem da sétima edição do evento “UTAD Alumni Wine & Cheese Collection”, que desafia antigos alunos a criarem vinhos e queijos.
Nos 11 hectares de vinhas da Quinta Nossa Senhora de Lurdes, em Vila Real e em Carlão, os alunos ajudaram a vindimar as uvas e acompanharam os trabalhos na adega.
“Temos essa grande mais-valia de podermos ter já os nossos alunos a participar. Participaram na vindima, acompanharam todas as etapas de vinificação e, agora, continuam a acompanhar o estágio dos vinhos e todo o trabalho desenvolvido ao longo do resto do ano”, explicou.
O que permite, acrescentou, “trazer a sala de aula para dentro da adega”.
“Os conteúdos teóricos que são dados nas aulas têm uma aplicação prática, direta, com condições muito especiais”, salientou ainda.
A UTAD foi a primeira universidade do país a criar o curso de enologia (1989).
Nesta primeira vindima foram vinificados cerca de 10 mil litros de vinhos tintos e brancos.
“Vamos explorar toda a diversidade que temos neste mundo fantástico da enologia e da viticultura, desde os brancos, rosés, tintos, castas diferentes e o grande vinho do Porto”, realçou.
Este ano zero serviu ainda, explicou, para perceber o potencial das diferentes vinhas da UTAD e como se podem adaptar as novas ferramentas, equipamentos, procedimentos e equipas de que a academia transmontana agora dispõe.
O reitor da UTAD, Emídio Gomes, destacou a importância desta adega laboratório e o facto de ser a primeira vez que se fazem vinificações nesta estrutura, acrescentando que a universidade está a adquirir barricas para o envelhecimento dos vinhos.
A adega laboratório é, segundo a UTAD, uma valência que melhora as condições de ensino-aprendizagem e de investigação na área da enologia.
O edifício disponibiliza equipamentos e espaços diferenciados que permitem que estudantes e investigadores acompanhem os diferentes estágios de produção vínica, desde a fermentação ao estágio (em garrafa, cubas ou barricas), passando pelo engarrafamento.
Foi precisamente na adega que decorreu hoje a iniciativa “UTAD Alumni Wine & Cheese Collection”.
A UTAD é a única universidade portuguesa com vinhos e queijos de autor, os quais têm nascido sob a marca “Alumni UTAD”. Os vinhos desde 2016, tendo já sido criados 25 (tintos, brancos, do Porto e espumantes), e os queijos desde 2022.
“Ano após ano, este é um evento de referência na nossa academia e é, também, a sua marca histórica no mundo dos vinhos e do agroalimentar”, afirmou o reitor.
Este queijo e vinhos representam, segundo o reitor, “conhecimento”, realçando que os antigos “são os melhores embaixadores” da academia e que um dia poderão até vir a ser criados vinhos na Austrália, dos Estados Unidos da América (EUA), Chile, Argentina, Espanha, França ou Itália.
“Porque em todos estes países há antigos alunos da UTAD” frisou.
Este ano, Marcos Hehn Pinto da Silva criou o espumante, Pedro Ribeiro o vinho tinto, Tiago Garcia o branco e Maria Manuel Maia o vinho do Porto. O queijo de cabra foi criado por Esmeralda Vieira.
A próxima colheita ‘made in’ UTAD vai ter a assinatura de José Miranda (espumante), Luís Patrão (tinto), Diogo Campilho (branco), Ana Urbano (Porto) e a produção de queijos será continuada por Maria Ciríaco.