Custos de alimentação mais elevados e condições de seca são a principal preocupação dos produtores
Os dados semanais do USDA/FAS relativos às exportações revelaram um aumento de 82% em relação ao ano anterior de 82% na exportação de milho e de 79% na exportação de soja, na campanha 2020/21 até 11 de fevereiro. No ano civil de 2020, a China representou 65% da importação global de soja, com as importações a aumentar 13%, atingindo 100,4 milhões de toneladas. Quanto às importações de milho, a China foi o 5º maior importador global (atrás dos Estados Unidos, Japão, México e Coreia do Sul), representando 10% das importações globais desse cereal até dezembro, com11,3 milhões de toneladas um aumento de 136%. Com o crescimento das exportações, as existências finais nos EUA deverão ser as mais baixas desde 2013/14, o que levará a um aumento de preços e à limitação da oferta disponível no país para ração e trituração. Os preços do milho e da soja têm vindo a aumentar nos Estados Unidos desde o verão passado, prevendo o USDA para 2020/21 que os preços médios anuais se situem no nível mais elevado desde 2013/14, a 4,30 dólares por alqueire de milho, um aumento anual de 21%, e 11,15 dólares por alqueire de soja, um aumento de 30%. O aumento dos custos de alimentação não significa necessariamente a diminuição da produção de carne, sendo que em fevereiro, o USDA previa para 2021 uma produção recorde da carne de bovino e da carne de suíno nos Estados Unidos. A seca poderia ainda afetar a produção de carne de bovino no futuro nos Estados Unidos. Em meados de fevereiro, 43% do efetivo situava-se numa área sujeita a seca, quando na mesma altura do ano anterior a percentagem era de apenas 9%.
Inventário do efetivo de suínos em Dezembro e efetivo de bovinos em Janeiro ligeiramente abaixo dos números de há um ano
O último relatório trimestral do USDA relativo ao gado suíno mostra que, a 1 de dezembro, o efetivo total tinha diminuído 0,9% relativamente ao ano anterior, enquanto o efetivo de gado suíno no mercado diminuíra. A redução do efectivo reprodutor reflete em grande medida os problemas sentidos na cadeia de abastecimento em 2020, bem como a incerteza relativa à procura devido à pandemia em 2021 com o aumento do preço das rações. O relatório sobre o efetivo de janeiro revelou que a diminuição do rebanho bovino desde 2020 tem sido bastante moderada, tendo o decréscimo do efetivo de 1 de janeiro de 2021 sido de apenas 1,3%. O relatório sobre os efetivos mostrou ainda um número recorde da totalidade de bovinos estabulados em feedlot, com 14,7 milhões de cabeças a 1 de janeiro, mais 0,3% do que no ano passado.
A produção de carne continua em níveis recorde, mas o aumento em 2021 será o menos significativo dos últimos anos relativamente à carne de suíno
Apesar das perturbações decorrentes da pandemia, a produção das três principais espécies atingiu novamente um nível recorde nos EUA em 2020, com a produção de carne de suíno a aumentar 2,4%, a de aves de capoeira 1,1% e a de carne de bovino a manter-se estável relativamente ao registo de 2019. Tratou-se do 6º ano consecutivo de produção recorde de carne de suíno. O USDA prevê que em 2021 a produção de carne de suíno e de bovino aumente 1,4%. Em termos de bem-estar animal, os Estados Unidos têm alguns dos programas mais fortes do mundo. Os produtores podem optar por certificações individual e de local obtidas no âmbito de programas de adesão voluntária denominados Beef Quality Assurance (BQA) e Pork Quality Assurance Plus (PQA+). O FSIS (Serviço de Inspeção de Segurança Alimentar) do USDA tem poder de supervisão ao abrigo da Lei de Métodos Humanos de Abate (“Humane Methods of Livestock Slaughter Act”), em vigor há mais de um século. Além da supervisão regulamentar do FSIS, a maioria dos centros de abate de dimensão média a grande também funciona em conformidade com normas rigorosas emanadas por terceiros, como a U.S. Foodservice ou os retalhistas, e que vão para além dos requisitos regulamentares.
A sustentabilidade continua a ser o foco principal
Os bovinos herbívoros constituem uma fonte de rendimento para a América rural que também beneficia o ambiente, ajudando a evitar a conversão de pastagens em terras de cultivo, o que libertaria mais carbono na atmosfera e resultaria na perda do habitat da vida selvagem. Seja como for, 35% das terras dos EUA não são adequadas para produção agrícola seja de que tipo for, o que significa que o gado é a única forma de produzir proteínas alimentares de alta qualidade para consumo humano nestas áreas não cultiváveis, o que se consegue através da espantosa capacidade de conversão de resíduos (upcycling) do ruminante. Cerca de 90% daquilo que o gado bovino come não é digerível pelos seres humanos. O gado bovino consome essas plantas não comestíveis e transforma-as em proteína de alta qualidade, rica em nutrientes. Para saber mais sobre o processo de “upcycling” e o papel do gado bovino na sustentabilidade visite www.BeefItsWhatsForDinner.com.
Quando se fala de carne de suíno, ser sustentável significa manter a atenção centrada na melhoria contínua. Os suinicultores são sustentáveis porque têm de o ser se querem preservar o estilo de vida agrícola e deixar o seu trabalho como legado para as gerações futuras. E é essa melhoria contínua que permite continuar a produzir mais carne de suíno com menos recursos. Os números falam por si, devendo-se os resultados positivos à incorporação de tecnologia e à adoção de melhores práticas de gestão, tais como uma nutrição melhorada, melhores celeiros e uma melhor biossegurança. Os suinicultores de hoje aderem à sustentabilidade, e a nova investigação da Universidade do
Arkansas (“A Retrospective Assessment of U.S. Pork Production 1960 to 2015”) mostra que estão a usar menos terra, água e energia. Isso também significa a redução da pegada de carbono total. De 1960 a 2015, as melhorias contínuas efetuadas nas explorações no âmbito da nutrição, da genética e dos cuidados gerais dispensados aos animais produziram uma diferença muito positiva.
Procura impressionante de carne no comércio a retalho e vendas fracas em restaurantes com serviço de mesa nos EUA, mas a perspectiva é optimista com os novos estímulos e o lançamento das vacinas. A forte procura de exportações é mais um contributo positivo
O impulso da exportação também continua a apoiar os preços. As exportações de carne suína, derivados e miúdos atingiram recordes em 2020, com 2,977 milhões de toneladas, mais 11% do que o recorde anterior atingido em 2019, representando 29,3% da produção de carne de suíno, derivados e miúdos (acima dos 26,9% de 2019). A China dominou o crescimento do volume de carne suína, mas verificou-se igualmente um crescimento noutros mercados, como a ASEAN, o Japão, o Canadá e a América Central. A USMEF está a prever um maior crescimento das exportações em 2021, impulsionado sobretudo por uma recuperação contínua das exportações para o México, mas também pelo aumento de exportações para um vasto conjunto de mercados. Em 2020, o total de exportações de carne de bovino, derivados e miúdos foi de 1,255 milhões de toneladas, menos 5% (sendo as exportações de cortes de músculo de carne de bovino apenas menos 2%). A China foi também o mercado com mais crescimento relativamente à carne de bovino, seguida do Canadá e de África. Os dados semanais recentes sobre exportação revelam que as exportações para a Ásia e o México tiveram um ainda maior impulso.
Cheyenne McEndaffer, USMEF Director of Access/Export Services
Jessica Spreitzer, USMEF Trade Analyst
Com a colaboração de: USDA/FAS Madrid.