Era um mistério com mais de cem anos. Descoberta pode ajudar a criar programas de plantação mais adaptados a terrenos e e climas secos esclarecendo como as plantas se adaptam à falta de água.
As plantas são muito vulneráveis à escassez de água – começam a secar e morrem rapidamente. Quando não há água em volta, como pode uma planta sobreviver? Ao longo dos últimos 400 milhões de anos, as plantas evoluíram, tornaram-se mais resistentes à seca e isso deve-se a algumas alterações genéticas que ajudam a criar um sistema de defesa mais eficaz. Perceber como algumas plantas se adaptaram à falta de água pode vir a ser uma informação muito útil para lidar com as alterações climáticas que hoje enfrentamos.
Não sabíamos tudo (e continuamos sem saber), mas há outra evolução neste longo período de tempo que explica um mistério com mais de 100 anos: a forma de estrela nas células do tecido (lenho) que transporta água e nutrientes da raiz para o caule e as folhas não é obra do acaso – é uma resposta à falta de água.
Não é só mais um detalhe de uma geringonça colocada em movimento para dar uma esperança de vida maior às plantas. Sem esta evolução no lenho, a natureza verde que conhecemos hoje seria improvável.
Todas as plantas, com excepção das mais pequenas, precisam de tecidos vasculares para levar a água a todo o seu corpo. Quando há água suficiente, ela flui pela planta como uma cadeia contínua de moléculas. As moléculas de água do fundo desta cadeia evaporam e, acto seguinte, outras moléculas de água são puxadas para as substituir.
Ora, se o solo secar, esta substituição torna-se mais difícil e a cadeia de moléculas é interrompida. “Quando esta cadeia quebra, uma bolha de gás expande-se na conduta (a célula do lenho). Esta bolha é uma embolia, que bloqueia o transporte de água e, se se expandir a todo o tecido, a planta não conseguirá trazer mais água e irá morrer”, explica Martin Bouda, investigador do Instituto Botânico da Academia Checa de Ciências (República Checa).
Este é o problema que afecta estas plantas vasculares quando não há água. A solução é adaptar-se. “Estas plantas tiveram de ultrapassar este problema construindo os seus tecidos vasculares muito cuidadosamente, para prevenir que a embolia se espalhasse”, aponta. No estudo que liderou, publicado na revista científica Nature, Martin Bouda percebeu precisamente […]