O sucesso reprodutor do tartaranhão-caçador (Circus pygargus), uma ave migratória em risco de extinção em Portugal e Espanha, aumentou 103% em 2025 na Península Ibérica através da iniciativa europeia “Salvar o tartaranhão-caçador”, foi hoje anunciado.
“Graças às medidas de conservação desta campanha, que incluem monitorização de indivíduos, sensibilização e envolvimento dos agricultores e comunidades locais, bem como proteção de ninhos, resgate e salvamento de ovos e crias, esta espécie registou um importante crescimento da capacidade reprodutiva nas áreas de intervenção do projeto na Península Ibérica estimada em 103%”, referiu, em comunicado, a associação ambiental Palombar.
Segundo esta associação ambiental com sede em Vimioso, no distrito de Bragança, entidade coordenadora do projeto “Life SOS Pygargus”, as medidas estão a ser implementadas no território nacional e nas comunidades autónomas da Estremadura, Galiza, Madrid e Castela e Leão, em Espanha.
“Segundo estimativas realizadas pelos técnicos e investigadores do projeto, sem estas medidas de conservação, apenas 38% dos casais nidificantes que realizam postura teriam conseguido criar pelo menos um juvenil voador. Já com as medidas implementadas no terreno foi possível auxiliar muitos outros casais a obter sucesso reprodutor, aumentando para 77%, mais do dobro, o número de casais nidificantes com postura que conseguiram gerar descendência”, indicou a Palombar.
A associação explicou ainda que, durante a campanha “Salvar o tartaranhão-caçador” deste ano, foram monitorizados, nas áreas de intervenção do projeto em Portugal e Espanha, 618 ninhos desta espécie em terrenos agrícolas e zonas com matos em áreas montanhosas, habitats onde nidifica.
Segundo os biólogos e outras entidades envolvidas neste projeto transfronteiriço, “o tartaranhão-caçador, que tem um estatuto de ameaça ‘Em Perigo’ em Portugal e ‘Vulnerável’ em Espanha, nidifica no solo, sobretudo em terrenos agrícolas com culturas forrageiras e cerealíferas”.
“O aumento registado este ano no sucesso reprodutor do tartaranhão-caçador é bastante positivo, tendo em conta que, segundo os dados do primeiro censo da espécie realizado em Portugal em 2022-2023, esta ave se encontrava no limiar da extinção, e em Espanha, a situação também é bastante crítica”, sublinhou o biólogo Joaquim Teodósio, da organização não-governamental Palombar, que é citado no comunicado.
Já este ano, foram também marcados 72 tartaranhões-caçadores com dispositivos GPS/GSM, uma medida fundamental para detetar ameaças que afetam esta espécie, bem como para melhorar as medidas de conservação no terreno.
“Os emissores permitem monitorizar, em tempo real, as aves marcadas e fornecem informações valiosas relacionadas com o comportamento, movimentos migratórios, áreas de nidificação e alimentação, fatores de riscos, entre outras”, indicou Joaquim Teodósio.
O projeto “Life SOS Pygargus”, apresentado em Miranda do Douro em 22 de novembro de 2024, tem um dotação de 11 milhões de euros destinados a salvar o tartaranhão-caçador da extinção através de várias ações agrícolas e ambientais.
Este projeto é coordenado pela organização não-governamental (ONG) Palombar e conta com 17 parceiros, dos quais 13 são entidades portuguesas e quatro são espanholas, incluindo universidades, empresas, ONG, associações ambientalistas, Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e a Comissão de Coordenação Regional do Norte (CCDR-N).
O tartaranhão inclui três espécies de aves de rapina conhecidas em Portugal como tartaranhão-caçador, o tartaranhão-azulado e o tartaranhão-ruivo, que se alimentam de pequenos roedores e insetos e que são fundamentais para o controlo das pragas agrícolas.
O projeto “Life SOS Pygargus” arrancou em setembro de 2024 em Portugal e Espanha e vai decorrer até 2030.













































