Pressão nos custos e investimento limitam resultado do maior grupo português de vinhos, que produz também em Espanha, Argentina, Chile e Nova Zelândia. Arranque de 2023 “mais negativo que o previsto”.
Apesar do crescimento homólogo de 12% do volume de negócios para um novo máximo histórico de 347 milhões de euros, o resultado líquido consolidado da Sogrape aumentou “apenas” 1% em 2022, para 24 milhões de euros. Em declarações ao ECO, o presidente do grupo de vinhos, Fernando da Cunha Guedes, justifica que “esta evolução reflete não só a pressão nos custos de produção e de estrutura, mas também o forte investimento nas marcas e em projetos de transformação que são a chave para continuar a elevar a Sogrape a outro patamar”.
Num ano em que investiu 27 milhões de euros, contratou 40 novos colaboradores – emprega cerca de 1.200, dos quais 700 em Portugal –, e acrescentou 15 novos vinhos ao portefólio, o grupo de Vila Nova de Gaia e que detém 1.600 hectares de vinho em Portugal (Douro, Vinhos Verdes, Dão, Lisboa e Alentejo), Espanha, Chile, Argentina e Nova Zelândia produziu 12 milhões de quilos de uvas, vinificou 28 milhões de litros e vendeu um total de 88 milhões de garrafas, o equivalente a mais de 167 garrafas por minuto. As exportações valem 80% da faturação, num total de 120 mercados espalhados pelo mundo.
“Mesmo tendo optado por suspender os embarques para a Rússia, que era o terceiro mercado de Mateus e o oitavo da Sogrape, compensámos essa perda com o crescimento noutros mercados. Destaco a excelente performance da Sogrape Distribuição em Portugal, que em 2022 fez o seu melhor ano de sempre. Importa ainda referir o desempenho em mercados externos relevantes, como EUA e Reino Unido, onde as nossas distribuidoras locais [Evaton e Liberty Wines, respetivamente] apresentaram recordes de vendas, bem como os resultados positivos nos mercados de Angola, Roménia e de travel retail”, resume o neto do fundador Fernando Van Zeller Guedes.
Vendas da Sogrape, por mercados
Após terminar o último exercício com uma “rentabilidade sólida” e um crescimento nas vendas “transversal a todo o portefólio de marcas e na maioria dos mercados” onde opera, o gestor já antevia que 2023 fosse “muito exigente, marcado pelas disrupções na cadeia de abastecimento, a instabilidade geopolítica, o cenário inflacionista e a consequente pressão no consumo”. Mas, para a Sogrape, o primeiro trimestre “revelou-se mais negativo do que o previsto, tendo-se registado uma contração generalizada no consumo nos vários mercados”. Ainda assim, o empresário diz ao ECO que o grupo está “confiante e empenhado em recuperar”, e terminar este ano com uma progressão de vendas “superior a 5% face […]