Ultimamente temos incorporado a mizuna na nossa alimentação. A Maria João escalda-a e dá-lhe longo banho, servindo-a com óleo de noz e sal. Há vinte anos que andamos à procura de alternativas ao agrião porque ela não gosta de agrião.
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Na terça-feira deu-se um milagre. Tínhamos um molho de agriões da Ericeira já com seis dias de idade, o último dos quais esteve pendurado numa porta para não nos esquecermos de levar para um almoço. Esquecemo-nos, claro. E foram estes agriões que deram a volta à cabeça da Maria João e convenceram-na que afinal adora agriões.
Por mim podiam ficar com as mizunas e as rúcolas todas que eu cá contentava-me só com agriões. Tudo o que se tem passado com os agriões nos últimos anos é irritante. Ouvi um director da Vitacress dizer que hoje em dia, seguindo o exemplo dos ingleses, os portugueses deixaram de usar os agriões exclusivamente nas sopas e já começam a usá-los em saladas.
Desde os anos 50 que qualquer saladinha portuguesa que se prezasse tinha uns poucos agriões – milagrosamente sem conhecer o exemplo inglês. Mas o hábito perdeu-se e as saladas ficaram a perder. Ganhámos, no entanto, o bom gosto de poder chamar agrião de água, no singular, para ser igual ao inglês watercress. Concorde-se que soa mais fino do que a brutalidade de agriões.
Todas as sopas são melhores com agriões. Também é delicioso deitar uns agriões frescos numa sopa acabada de fazer. Os ingleses – aí, sim – fazem finger sandwiches só com manteiga, pepino e agriões, para acompanhar o chá da tarde.