Tendo em conta os vários pedidos que têm vindo a ser feitos à Prolacto, provenientes de clientes europeus e de clientes dos Estados Unidos da América, Oscar del Rey adiantou que a fábrica de lacticínios tenciona, no futuro, conseguir trabalhar a partir de leite biológico para fazer os seus ingredientes, o que será possível através do novo quadro comunitário de apoio da União Europeia.
Neste sentido, falando com os jornalistas depois de uma audiência no Palácio de Sant’Ana com José Manuel Bolieiro, o Girector-geral da fábrica referiu que pretende fazer “uma colaboração com os produtores e com as associações para conseguir áreas da ilha de São Miguel com matéria-prima suficiente para fazer este tipo de produtos que estão alinhados com os quadros europeus e com as tendências de mercado de consumo”.
Na reunião com o Presidente do Governo Regional, Oscar del Rey adiantou também que o rendimento dos produtores foi discutido, e entende que embora seja responsável por uma indústria “que paga bem aos produtores, há sempre algo que se pode melhorar”. Por esse motivo, refere que a preocupação actual está relacionada “com o que fica na casa do produtor depois de entregar o leite, depois de pagar rendas dos terrenos, depois da alimentação, da fertilização e dos medicamentos, da energia e de tudo o que tem que pagar”.
Deste modo, pretende também “tentar mudar o sistema de pagamento para uma tabela baseada em sólidos”, tendo em conta que, por serem uma fábrica de ingredientes, “a água que vem com o leite não interessa na nossa indústria, interessam os sólidos que compõem essa matéria-prima, e o nosso trabalho será investigar como melhorar esses sólidos”.
O empresário referiu ainda que o trabalho dos últimos dois anos passou por “limitar a dependência” que a empresa tinha, conseguindo assim “chegar aos níveis de colaboração com a Unileite, que representa entre 40% a 45% do nosso leite”. A Prolacto apostou ainda nos seus produtores directos, permitindo-lhe “crescer e conseguir um mix de fornecimento”, também graças à cooperativa da Santo Antão, que garante 20 milhões de litros de leite à Prolacto.
Para além dos rendimentos dos produtores, actualmente as preocupações da Prolacto são várias, começando pela competitividade como indústria nas áreas de transporte, energia e modernização das linhas de produção, seguindo-se a inovação e objectivos de venda que esta permite alcançar.
Da parte de José Manuel Bolieiro, esta reunião serviu acima de tudo para mostrar que o Governo dos Açores está atento a esta indústria, de forma a adoptar estratégias que correspondam “ao interesse da Região e ao interesse estratégico desta governação”, de forma a continuar a assegurar o desenvolvimento e crescimento económico da mesma.
Neste sentido, o Presidente do Governo Regional salientou que é necessário “assegurar a capacidade de inovação dos produtos e com isso, com a inovação tender para a promoção de produtos de valor acrescentado”, que podem partir, por exemplo, a partir do leite biológico no qual a Prolacto tenciona investir.
Através destes produtos de valor acrescentado, acredita ainda que se possa trabalhar na “afirmação do produto da economia regional que se apresente consolidado na competitividade”, de forma que o “rendimento possa ser aumentado e distribuído com equidade a todos os parceiros deste desenvolvimento: produção, transformação e comercialização”.
Em seguida, salienta o Presidente do Governo, será importante “encontrar na economia dos bens transaccionáveis nichos de consumo que possam pagar um produto com valor acrescentado e cujo rendimento possa ser repetido para a nossa economia”, salientando que é necessário que as sinergias criadas tenham “uma atitude disruptiva, porque com os mesmos procedimentos não podemos obter resultados diferentes”, concluiu.
Plano regional de combate à probreza
deverá ser “revisitado”
No fim da manhã, José Manuel Bolieiro reuniu-se também com Luís Andrade e com os restantes membros do Conselho de Ilha de São Miguel, tendo esta sido uma oportunidade para apresentar cumprimentos e para “tecer considerações relativamente a vários assuntos que têm a ver directa ou indirectamente com o Conselho de Ilha”.
Conforme referiu o Presidente deste Conselho, a reunião permitiu analisar alguns pontos de forma “não exaustiva”, e o Presidente do Governo Regional dos Açores, considerando que estes órgãos são “elementos essenciais de reflexão, do desenvolvimento sob o ponto de vista das populações e dos territórios”, adiantou que contará com o Conselho de Ilha de São Miguel para revisitar o Plano Regional de Combate à pobreza.
Apesar de estas terem sido “reflexões muito superficiais”, José Manuel Bolieiro entende que no actual contexto, o plano regional em causa “precisa de ser revisitado, tendo em conta o processo que afectou a economia e a nossa sociedade, desde logo o desequilíbrio de rendimentos com perda de actividade económica e de rendimentos dos trabalhadores e da sociedade em geral”.
Nesse sentido, referiu que os contributos de todos os conselhos de ilha servirão para “ajudar a reflectir sobre essa matéria e a revisitar o plano de combate à pobreza para a década”,
Presidente confirma que Governo deverá conhecer hoje
os traços gerais do plano de reestruturação da SATA
Na mesma ocasião, questionado pelos jornalistas sobre o plano de reestruturação da SATA, José Manuel Bolieiro confirmou que ao longo do dia de hoje, Quinta-feira, tanto o Governo Regional, como os líderes dos partidos com assento parlamentar, deverão receber um documento com os traços gerais do plano de reestruturação da companhia aérea regional.
“Confirmo amanhã (hoje) a oportunidade do Sr. Presidente do Conselho de Administração da SATA apresentar ao Presidente do Governo, e em simultâneo aos partidos políticos com assento parlamentar, os traços gerais do plano de reestruturação da empresa a submeter à Comissão Europeia”, disse.
Conforme referiu, esta é uma responsabilidade do Conselho de Administração em causa, e, “posteriormente a esta apresentação haverá a oportunidade do Sr. Presidente do Conselho de Administração apresentar estas linhas gerais à comunicação social”.
O artigo foi publicado originalmente em Correio dos Açores.
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