O primeiro-ministro guineense, Rui Duarte de Barros, exortou hoje a população a aumentar a produção do arroz para reduzir a importação, que, disse, custa ao país “avultadas somas em dinheiro” em subvenções do preço ao consumidor.
“Por mês, o Estado dá uma subvenção de cerca de dois mil milhões de CFA [três milhões de euros] para permitir a estabilização do preço atual do arroz”, afirmou Duarte de Barros, na abertura da conferência nacional sobre o arroz na Guiné-Bissau.
Sob o lema “No arroz tem balur” (“o nosso arroz tem valor”), a conferência junta, num hotel de Bissau, Governo guineense, agricultores, organizações camponesas e parceiros de desenvolvimento do setor, nomeadamente o Programa Alimentar Mundial (PAM), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a União Económica Monetária Oeste Africana (UEMOA).
O primeiro-ministro destacou que, por mês, o país consome cerca de 12 mil toneladas do arroz, importadas, uma situação que disse deve ser revertida através da produção local.
“Como se vê, há mercado para a venda do arroz local”, notou Rui Duarte de Barros.
Dados do Ministério do Comércio guineense apontam que o país consome anualmente cerca de 200 mil toneladas do arroz, das quais apenas 60 mil são produzidas localmente.
Rui de Barros assinalou que o país apenas vive da agricultura de subsistência, derivado de um fraco investimento no setor, o que leva à fraca produtividade e baixos rendimentos.
Apesar da existência de vários documentos estratégicos nacionais e internacionais, o setor ainda não regista mudanças, notou o primeiro-ministro guineense, que apontou o forte investimento público, a mecanização e as sementes de qualidade como fórmula para a melhoria da agricultura no país.
Organizadora da conferência, a ministra da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Fatumata Djau Baldé, destacou serem precisas as sinergias de todos os intervenientes na fileira do arroz, o que, disse, poderia levar o país a produzir até três vezes ao ano.
Djau Baldé notou que “o arroz local tem mercado”, dando o exemplo do PAM (Programa Alimentar Mundial) que compra “grandes quantidades” do produto, no âmbito do programa Cantina Escolar, que entrega refeições quentes às crianças para incentivar a sua ida às aulas.
“Só o PAM consome 50% do arroz produzido localmente no âmbito do programa Cantina Escolar”, apontou Baldé.
A ministra observou, ainda, que se o país produzisse arroz em grande quantidade, o Estado iria aumentar as taxas para desincentivar a importação do produto.
“O arroz é a base da nossa dieta, é isso que faz com que o guineense, mesmo tendo comido outros produtos, se não comer o arroz acha que não se alimentou bem”, salientou Fatumata Djau Baldé, para pedir o aumento da produção do cereal.