O Presidente da República disse hoje em Odemira que o país “acordou” para a necessidade de acelerar a regularização dos imigrantes em Portugal e melhorar as suas condições de vida, considerando que a resposta “está a ser dada” e está a ser “muito rápida”.
“As pessoas acordaram um bocadinho para situações que tinham de repente aumentado de forma brutal com a vinda de tantos imigrantes, [um assunto que] eles próprios falaram, a documentação. Em todos os domínios da vida deles é uma documentação às vezes burocrática e pesada, é na vida de todos nós, agora imaginem para quem não fala a língua”, referiu Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República falava aos jornalistas durante uma visita à vila de Odemira (Beja), onde esteve acompanhado pela ministra adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, tendo contactado com a população migrante do concelho, onde estão situadas muitas explorações agrícolas, que empregam milhares de pessoas, oriundos sobretudo da Ásia.
Questionado sobre a atuação das autoridades competentes no que concerne à situação de muitos destes migrantes, Marcelo Rebelo de Sousa disse considerar que “as pessoas perceberam que tinham de mudar de comportamento”, perante um “desafio que era novo” e “enorme”, tendo em vista a necessidade de assegurar a dignidade da vida dessas pessoas.
“E eu penso que se acordou para isso. Toda a gente, os portugueses, as empresas, os próprios [migrantes], e nesse sentido a resposta está a ser dada. E aí, o papel da autarquia, do presidente da Câmara é fundamental. Não pode ser só Estado à distância. A resposta está a ser dada, está a ser muito rápida”, afirmou.
Marcelo Rebelo de Sousa chegou a Odemira cerca das 14:20, tendo sido recebido em palmas por alguns cidadãos que o aguardavam à porta da Câmara de Odemira, tendo iniciado a sua visita à vila assistindo a uma peça de teatro imersivo sobre migrações, no Centro em Rede de Inovação do Artesanato Regional.
Após a sessão, que incluiu o visionamento de um pequeno documentário em vídeo e um percurso pelo centro, o chefe de Estado contactou com representantes das comunidades migrantes residentes em Odemira, sobretudo cidadãos naturais de países asiáticos como o Nepal, a Tailândia e a Índia, mas também europeus, como a Roménia e Ucrânia, entre outros.
Os migrantes elogiaram a forma como foram acolhidos em Portugal, mas apresentaram algumas queixas relativas à condição em que vivem, nomeadamente devido à falta de habitação e de transportes públicos em Odemira.
Segundo o presidente da autarquia, Hélder Guerreiro, de acordo com dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) de 30 de dezembro de 2021, residiam oficialmente em Odemira 10.970 estrangeiros, num total de 80 nacionalidades, o que representa 7% da população do concelho.
De acordo com o autarca, já existem três mil lugares licenciados para a construção de habitações nas explorações agrícolas, mas o processo tem sofrido atrasos, devido ao aumento do custo da matéria-prima.
Admitindo que o problema “é maior” em Odemira, porque “são milhares e milhares e, em algumas épocas do ano, ainda aumenta” o número de migrantes, Marcelo Rebelo de Sousa congratulou-se por já se ter dado início ao processo de construção de casas que, embora atrasado, deverá avançar “nos próximos meses e anos”.
Segundo Hélder Guerreiro, embora a maioria dos migrantes que vivem em Odemira trabalhem na agricultura, muitos estão atualmente, também, a trabalhar no setor do turismo.
O autarca, Marcelo Rebelo de Sousa e Ana Catarina Mendes tiveram de seguida um encontro com presidentes de junta de freguesia na Câmara Municipal, de onde seguiram para um jardim público para assistirem a um momento cultural.