O presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, desafiou hoje os suinicultores a investirem em infraestruturas para tratamento dos efluentes suinícolas, aproveitando o apoio do Governo e evitando, assim, o risco de encerrarem.
Na intervenção no âmbito da assinatura de um protocolo de cooperação com várias entidades, que se juntaram para a criação da nova rede de Aceleração e Inovação Agrícola, na prisão-escola de Leiria, o secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, Rui Martinho, anunciou o lançamento de um aviso, na segunda-feira, para apoios a investimentos em infraestruturas de tratamento e valorização de efluentes suinícolas.
Gonçalo Lopes disse à Lusa, à margem do evento, que, “com esta medida, muitas explorações poderão ter ganho o seu futuro em termos de existência, porque se não o fizerem agora possivelmente terão de encerrar, tendo em conta as exigências ambientais que virão no futuro a ser feitas a este tipo de setor”.
O autarca considerou a abertura deste aviso “um primeiro passo decisivo para a resolução desta questão ambiental, que é que destino dar aos efluentes suinícolas”.
“Temos 300 explorações suinícolas no concelho, a maioria em regime intensivo, ou seja, autênticas fábricas. Esta abertura de 20 milhões de euros de apoio a fundo perdido para investimentos, que podem significar na globalidade 40 milhões, é uma excelente oportunidade para que os empresários ligados ao setor possam apresentar candidaturas de pré-tratamento, tratamento e valorização do efluente, numa nova leitura de economia circular, onde o produto final deste investimento poderá ser ainda uma fonte de receita”.
Para Gonçalo Lopes, “este apoio financeiro a fundo perdido é uma excelente oportunidade”.
“Há muito trabalho a fazer e rápido para prepararmos todos os projetos para que possam ser avaliados com rapidez, de modo a que, durante o próximo ano, se consiga já concretizar obra em cada uma das explorações”, adiantou.
O presidente do Município de Leiria, na sua intervenção no âmbito do protocolo, desafiou o Governo para a “criação de um parque tecnológico agroindustrial que, para além do processamento dos efluentes, esteja focado em promover a transformação da matéria orgânica em subprodutos valorizados e transacionados numa lógica de economia circular”, envolvendo uma parceria com “o ensino superior, em especial o Politécnico de Leiria, tendo em vista a realização de atividades de I&D e inovação para a maximização do aproveitamento dos subprodutos”.
Rui Martinho disse à Lusa que aceita o desafio, que já tinha sido lançado aquando da jornada de reflexão da Estratégia Nacional para os Efluentes Agropecuários e Agroindustriais, em Leiria.
“Vamos trabalhar em conjunto com o Município de Leiria e encontraremos soluções para incentivar e criar condições para que isso seja rapidamente uma realidade. A prova de que estamos a aceitar o desafio é que a última vez que cá estivemos o senhor presidente da Câmara desafiou-nos a começar a contribuir para a resolução dos problemas dos efluentes e estamos cá hoje com uma resposta concreta”, afirmou.
O governante garantiu ainda que o seu ministério está “totalmente disponível e empenhado em contribuir para resolver os problemas e procurar novas soluções que permitam encarar o futuro com otimismo”.