A Câmara de Arronches (Portalegre) divulgou hoje que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) concluiu que o aparecimento de peixes mortos no rio Caia foi provocado pelo “arrastamento de matéria orgânica” para as linhas de água.
Num comunicado publicado na sua página na Internet, a Câmara de Arronches explica que a APA informou que a morte dos peixes “não está relacionada com quaisquer descargas de águas residuais”, mas com a “elevada precipitação” que se fez sentir na região [a montante do local onde foram encontrados os peixes].
Esta situação, segundo o município, que cita a APA, “provocou o arrastamento de matéria orgânica” para as linhas de água que, após a respetiva degradação, “provocou o consumo do oxigénio dissolvido na água” e “contribuiu” para a morte dos peixes “por asfixia”.
“A APA informa ainda que não é justificável a tomada de medidas adicionais, como por exemplo a recolha e análise de amostras de água, considerando que os sistemas aquáticos já terão atingido o equilíbrio biofísico”, lê-se no documento.
A Lusa contactou hoje a APA, através de correio eletrónico, que “confirma” as informações prestadas pelo município de Arronches no comunicado.
No dia 12 deste mês, a associação ambientalista Quercus alertou para o aparecimento de peixes mortos no rio Caia, junto à vila de Arronches, no distrito de Portalegre, sendo desconhecidas as causas do problema.
Em declarações à Lusa, o dirigente da associação José Janela indicou que o alerta partiu de populares e que se sente um mau cheiro junto ao rio.
“Neste momento só lá estão peixes [mortos] de maiores dimensões que ficaram encalhados nas pedras e em zonas menos fundas, como carpas, bastante grandes. No entanto, há imagens que nos forneceram anteriormente de outros peixes mais pequenos que morreram, só que foram levados pela corrente em direção à barragem do Caia”, explicou.
A associação desconhecia na altura dos factos o que poderia estar a causar a morte dos peixes, mas, atendendo ao mau cheiro, admitia que na origem do problema poderiam estar excrementos de animais arrastados para a água, na sequência das chuvadas que caíram naquela região.
Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Arronches, João Crespo, referiu também naquela altura que a chuva registada nos últimos tempos, juntamente com os excrementos dos animais que foram nas enxurradas para a água do rio, poderia estar na origem do problema.
“Vieram chuvas com muita intensidade e a lavagem dos terrenos em volta das ribeiras [de Caia e de Arronches, que desaguam no rio Caia] deu origem a que a escorrência dos terrenos agrícolas, nomeadamente a urina das vacas, o estrume das vacas, viesse todo para a ribeira. Depois, juntou-se aqui nos sítios onde havia os pequenos charcos com peixes que sobreviveram à seca”, explicou.