“Neste momento, estamos a falar de um plano macro. Ainda não estamos a falar do plano de revitalização, esse é numa próxima fase. Neste momento, a nossa prioridade é estabilizar a rede viária, estabilizar as linhas de água e a erosão dos solos”, assumiu o presidente da Câmara Municipal de Manteigas.
Flávio Massano falava à agência Lusa em nome dos seis autarcas abrangidos pelo Parque Natural da Serra da Estrela — Manteigas, Celorico da Beira, Covilhã, Guarda, Gouveia e Seia – e ainda de Belmonte, também presente na reunião por ter sido atingido pelas chamas.
A reunião de hoje em Manteigas foi promovida pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), com os autarcas e ainda a Infraestruturas de Portugal (IP) e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), para definir os próximos passos.
“Sabemos que o que ardeu, grande parte, foi em encostas com uma acentuada percentagem de inclinação e, neste momento, é preciso estabilizar e foram definidos pelo ICNF vários passos para começarmos a encarar o dia de amanhã”, disse.
Flávio Massano admitiu que atualmente está “cerca de 25% da área ardida” do Parque Natural da Serra da Estrela e, agora “é olhar para o futuro” e, para isso, é preciso que “rapidamente” se vá para o terreno “para que atrás desta tragédia não surja uma outra com as primeiras chuvas”.
Neste sentido, a diretora regional do Centro do ICNF, Fátima Reis, adiantou à agência Lusa que “vão já na segunda-feira para o terreno equipas com técnicos” de todos os municípios afetados juntamente com técnicos do ICNF, da IP e da APA.
“Para que sejam feitos os levantamentos das áreas que vão ser necessárias intervir de uma forma urgente. Falo de encostas para sabermos quais é que têm necessidade urgente de estabilizar, a rede viária, que poderá estar em causa a segurança de pessoas e bens e também as linhas de água que abastecem a população”, reforçou Fátima Reis.
Depois deste levantamento, as entidades vão “iniciar a intervenção propriamente dita” e essa, segundo esta responsável do ICNF, foi estabelecido na reunião que, “no máximo, nos próximos 15 dias”.
“Nas duas semanas subsequentes, têm este prazo para fazer este trabalho de campo, com uma criação de fichas e um relatório final que será depois discutido novamente com todos os senhores presidentes, com a IP e a APA e se for um relatório de concordância o momento seguinte é executarmos esse mesmo relatório”, assumiu Fátima Reis.
Também na segunda-feira, Manteigas acolhe uma reunião conjunta entre estes autarcas e a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa e a ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes.
Sobre este encontro, o presidente de Manteigas disse que a ideia é “ouvir o que têm os ministros a dizer” e revelou esperar “ouvir a tutela, porque também são eles que têm o financiamento e dispõem dos fundos para ajudar os municípios a sair desta situação” após o incêndio.
A serra da Estrela está a ser afetada por um incêndio que deflagrou no dia 06 em Garrocho, no concelho da Covilhã (distrito de Castelo Branco) e foi dado como dominado no sábado, dia 13, mas sofreu uma reativação na segunda-feira. Foi considerado novamente dominado na quarta-feira à noite.
As chamas estenderam-se ao distrito da Guarda, nos municípios de Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira, e atingiram ainda o concelho de Belmonte, no distrito de Castelo Branco.
Após uma reunião conjunta, na quinta-feira, os municípios abrangidos pelo Parque Natural da Serra da Estrela exigiram que seja decretado “estado de calamidade”, devido ao incêndio que atinge a região, e apoios imediatos para colmatar prejuízos de “centenas de milhões de euros”.