GNR e Câmara de Murça juntaram-se hoje na aldeia de Jou para alertar a população para a limpeza dos terrenos junto dos edifícios, uma campanha que percorrerá as freguesias do concelho e visa reduzir o risco de incêndio.
Num largo da aldeia, na zona Norte deste município do distrito de Vila Real, guardas, autarcas e técnicos falaram com alguns populares, que ali se juntaram, e seguiram depois pela localidade para identificar situações de risco e que necessitam de ser intervencionadas.
“Colocámos o foco nas áreas que estão à volta das aldeias, das habitações, das edificações como armazéns agrícolas, à volta de propriedades agrícolas ou florestais que devem ser limpas mediante as regras que nos impõe a lei”, afirmou o vice-presidente da Câmara de Murça, António Marques.
A gestão da vegetação tem que ser feita nas faixas de 50 metros junto a edifícios isolados e 100 metros na envolvente de aglomerados populacionais.
António Marques frisou que o objetivo da campanha é a “sensibilização” da comunidade para o cumprimento da lei antes da “fase crítica” de incêndios florestais.
As sete freguesias do concelho de Murça foram consideradas prioritárias. Em todo o país há um total de 1.001 freguesias prioritárias para a fiscalização da gestão de combustível, no âmbito da defesa da floresta contra incêndios.
“Temos que nos esforçar todos para que reduzamos significativamente o risco de incêndio”, frisou António Marques, que salientou ainda que o “fogo é uma ferramenta que, bem usada, também é útil”, exemplificando com as “ações de gestão de combustível usando o fogo”.
Segundo o autarca, a câmara está também a cumprir a parte que lhe cabe, nomeadamente na limpeza das bermas das estradas municipais, tendo já feito o levantamento da rede viária em que é necessário intervir.
Numa zona da aldeia, já junto a uma área florestal, os elementos da GNR identificaram um edifício com pinheiros demasiado próximos. A propriedade pertence a uma nonagenária.
“Uma das nossas grandes dificuldades é a população envelhecida que, em muitos casos, não consegue executar o trabalho, nem se consegue arranjar quem execute. Neste momento nós temos uma grande falta de mão de obra e é complicado para os proprietários executarem a limpeza”, afirmou a presidente da Junta de Jou, Helena Teixeira.
Neste território de montanha e floresta, a autarca disse que “há várias situações preocupantes” e que o levantamento das áreas de risco é feito todos os anos.
“Nós não conseguimos mudar mentalidades e esse é o grande problema (…). Por vezes, a junta avisa os proprietários que têm que limpar, mas eles não entendem, só mesmo quando entra a parte da GNR é que eles se apercebem que estão a correr um risco”, apontou.
Adriano Moutinho chegou há pouco tempo de França e tem estado a limpar os terrenos à volta da sua casa. Aos militares revelou preocupações com a propriedade de um vizinho que disse que “está cheio de giestas altas”, no entanto, neste caso, o distanciamento obrigatório até às habitações está a ser cumprido.
“Não fico descansado, isto só é lixo. Uma pessoa tem o nosso limpo e porque é que o vizinho do lado não limpa?”, desabafou.
No concelho de Murça a campanha vai prolongar-se até 12 de abril. A nível nacional o prazo para a limpeza dos terrenos termina a 30 de abril e, até lá, os militares da GNR vão fazer o levantamento das situações em que há necessidade de gestão de combustível.
O objetivo é reduzir as infrações e os incumprimentos evitar situações de risco em caso de incêndio, bem como prevenir outros comportamentos de risco. Depois, se se mantiver o incumprimento, serão levantados os autos.
Nestas ações, que envolvem o Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente (SEPNA), os guardas aproveitam ainda para alertar que a queima dos sobrantes e as queimadas só pode ser feitas depois de ser feita uma comunicação prévia.