A Câmara de Arcos de Valdevez criou três centros de recolha de biomassa e quer atingir as duas dezenas, até 2024, para reduzir o risco de incêndio através da valorização dos resíduos agrícolas e florestais, foi hoje divulgado.
Contactado pela agência Lusa, a propósito de uma nota de imprensa sobre o assunto enviada por aquela autarquia do distrito de Viana do Castelo, o vereador do Ambiente, Olegário Gonçalves, explicou que o objetivo daquela rede é “reduzir o risco de incêndios que todos os anos ocorrem e que muitas vezes têm origem na queima ou queimada de sobrantes da agricultura ou da limpeza de terrenos florestais”.
“O município está disponível para apoiar a instalação de centros de recolha de biomassa de forma a dotar o concelho com uma rede de centros de recolha, distribuídos pelo território, contribuindo para o tratamento adequado destes resíduos e para a diminuição de risco de incêndio”, destacou.
Além de “reduzir as queimadas nas zonas mais urbanas, a instalação de centros de recolha de biomassa, em articulação com as juntas de freguesia, pretende evitar a deposição desses resíduos nos contentores de recolha de resíduos sólidos urbanos”.
“A deposição de resíduos resultantes de podas nos contentores de resíduos sólidos urbanos não é permitida, já que não é tratado pela empresa Resulima”, explicou.
Em 2021, foi instalado o primeiro centro de recolha de sobrantes agrícolas e florestais na União de Freguesias de São Jorge e Ermelo, que, segundo Olegário Gonçalves, “tem tido muita procura”.
Na última semana, entrou em funcionamento outro centro na União de Freguesias de Arcos Salvador, Vilafonche e Parada.
A União de Freguesias de Padreiro (Salvador e Santa Cristina) também já está dotada daquele equipamento e, até final do mês, abre um quarto centro na freguesia de Oliveira.
Segundo o vereador do Ambiente, os resíduos depositados nestes três centros são encaminhados para uma empresa de produção de biomassa, no concelho de Vila Verde, distrito de Braga.
“O objetivo é, até 2024, termos instalados, no mínimo, 20 centros de recolha de resíduos agrícolas e florestais, para garantir a cobertura, na íntegra, do território do concelho, num investimento de cerca de 150 mil euros, suportado pelo município”, apontou Olegário Gonçalves.
A “utilização destes centros, através de agendamento prévio com as juntas de freguesia, não tem custos para as pessoas que pretendam ali depositar os seus resíduos florestais ou de podas caseiras”.
De acordo com dados revelados à Lusa pelo comandante de Emergência e Proteção Civil do Comando Sub-Regional do Alto Minho, Marco Domingues, entre 01 de janeiro e 07 de março, ocorreram nos 10 concelhos do distrito de Viana do Castelo 219 incêndios que consumiram 1.211 hectares de terrenos.
Arcos de Valdevez, com 49 fogos, liderava a lista dos concelhos mais afetados pelas chamas, seguido de Ponte da Barca, com 48, Ponte de Lima (42), Viana do Castelo (18), Melgaço e Valença, ambos com 15 ocorrências, Monção e Paredes de Coura, com 12, Caminha (7) e Vila Nova de Cerveira, com apenas um incêndio.
Marco Domingues explicou que a investigação da GNR às ocorrências registadas até à data concluiu que 53% dos incêndios tiveram origem em queimadas para renovação de pastos, 25% em queimada de sobrantes florestais ou agrícolas, 7% queima de amontoados, 14% dos fogos foram desencadeados por indivíduos inimputáveis, 1% reacendimentos e a mesma percentagem para queima de lixo.
Com uma área total de 222 mil hectares, o distrito de Viana do Castelo tem 208 freguesias, 99 das quais (8,9% do total do país) consideradas prioritárias na prevenção de fogos florestais e onde estão identificados 1.185 lugares prioritários.