Avaliado risco de extinção de mais de 800 espécies de insectos, aranhas, gastrópodes, bivalves e crustáceos. É a primeira vez que se publica o Livro Vermelho dos Invertebrados de Portugal continental.
São mais de 200 as espécies de invertebrados em risco de extinção em Portugal continental. Contudo, o número deve ser superior, pois das mais de 800 espécies de insectos, aranhas, gastrópodes, bivalves e crustáceos avaliadas não foi possível obter informação para cerca de 200 e algumas dessas podem estar em risco também. Estes são alguns dos resultados do Livro Vermelho dos Invertebrados de Portugal Continental, que foi apresentado esta terça-feira, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Invertebrados – dentro deste grupo há aracnídeos, bivalves, crustáceos, gastrópodes e os insectos. São eles os representantes da maior parte da diversidade terrestre. Só em Portugal continental estima-se que existam mais de 20.000 espécies de invertebrados terrestres e de água doce. Muitas delas são exclusivas do território português.
A representação dos invertebrados pelo território é grande, mas a sua protecção legal ainda não é assim tanta. Neste momento, só 14 espécies de invertebrados terrestres têm protecção legal em Portugal continental ao abrigo da directiva Habitats, que se refere à preservação dos habitats da flora e fauna selvagens, lê-se num comunicado sobre o livro vermelho. Também se salienta que esse número “não é representativo da considerável diversidade dos invertebrados de Portugal, nem tão-pouco inclui as espécies mais ameaçadas no nosso país”.
O novo livro vermelho indica que são mais de 200 as espécies ameaçadas e que mais de 30 delas estão “criticamente em perigo”. Contudo, podem estar muitas mais espécies em perigo, porque não foi possível recolher informação suficiente sobre cerca de 200 das 800 espécies avaliadas, como de caracóis ou abelhas. Portanto, foram classificadas na categoria de “informação insuficiente”, o que mostra que ainda há muito por conhecer.
Algumas das espécies mais ameaçadas incluídas no livro são a aranha-cavernícola-do-Frade (da espécie Anapistula ataecina), que vive apenas no sistema cavernícola do Frade, na Arrábida; o caracol Xeroplexa coudensis, que apenas foi encontrado no vale da Couda, em Leiria; ou o camarão-girino (Lepidurus apus), um crustáceo que só foi avistado em Portugal num charco em Ponte de Lima.
A abelha Halopanurgus baldocki, que apenas existe em zonas de sapal do Algarve, também está vulnerável, sobretudo devido a pressões urbanísticas. Caso alguns destes insectos se extingam, como são únicos em Portugal, vão desaparecer do mundo.
Muitas lacunas no conhecimento
A coordenadora executiva do projecto, Carla Rego, refere que a maior preocupação quanto aos invertebrados em Portugal é ainda sabermos pouco sobre eles. “Ainda temos muitas lacunas de conhecimento sobre a sua abundância, distribuição, […]