É um cavalo de montanha de porte pequeno, que pode ser confundido com um pónei. Uma espécie autóctone que se encontra em grau crítico de ameaça de extinção, com menos de dois mil exemplares. O lobo é o seu grande predador.
Fernando Bezerra foi professor toda a vida. Andou em bolandas pelo país, como muitos docentes. Há cerca de 40 anos, decidiu comprar um cavalo. “Tinha deixado de fumar e pensei, o que faço ao dinheiro? Eu fumava mesmo muito. Foi então que comprei o primeiro garrano”. A paixão ficou até hoje. Era junto dos cavalos, na sua quinta em Vitorino das Donas, freguesia de Ponte de Lima, que os problemas desapareciam da sua cabeça, como um bálsamo. Ariana, a sua filha, surge com o Figo, um luzidio garrano, depois de um passeio entre muros de pedra e vinhedos.
“Há 50 anos, eram o meio de transporte do médico, do padre, para ir às feiras”, diz Fernando Bezerra. Agora têm pouca procura e a raça é naturalmente ameaçada pelo lobo, o seu principal predador. Segundo a Associação dos Criadores de Equinos da Raça Garrana (ACERG), atualmente existem 1563 fêmeas, 208 machos e 617 criadores. Isto significa que existem menos de dois mil exemplares de garranos, uma das raças autóctones portuguesas de equídeos a par do lusitano, do sorraia e do pónei da ilha Terceira.
Com presença também na Galiza, Espanha, em Portugal é no Alto Minho que existem mais garranos, sendo tradicionalmente um cavalo criado em liberdade, no Gerês e na Serra de Arga. “A maior parte são explorados em regime semi-extensivo, permanecem na zona de serra a maior parte do ano. Alguns criadores têm os cavalos nas suas explorações, mas isso é uma percentagem mais reduzida”, explica Susana Lopes, médica veterinária da ACERG. […]