Sem uma boa governança e uma gestão sustentável da água, não será a tecnologia nem as infraestruturas a restaurar os ecossistemas de água doce e a devolver a biodiversidade ao planeta.
O mês de janeiro foi pautado por temperaturas anormalmente elevadas, chuvas intensas e até uma onda de calor – a mais extensa de janeiro desde 1941. Surgiram notícias sobre escassez hídrica, particularmente sentida no Algarve onde as albufeiras chegaram a um volume médio de armazenamento de apenas 25%. Em cascata, sucederam-se os cortes de água na agricultura e, logo a seguir, os protestos dos agricultores pela Europa, inclusive Portugal.
A 19 de janeiro, no Conselho Europeu, foram apresentados finalmente os detalhes da proposta ReWaterEU, com o objetivo de tornar os recursos hídricos mais resilientes face aos impactos das alterações climáticas. As cinco medidas propostas levantam dúvidas sobre a sua capacidade de concretizar este objetivo. Desde logo, porque esta proposta partiu apenas do Ministério da Agricultura e Alimentação, quando a gestão dos recursos hídricos em Portugal é da responsabilidade do Ministério do Ambiente e Ação Climática.
A proposta assenta na otimização e construção de infraestruturas para armazenamento e transporte […]