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– 28-07-2004 |
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Entomologia : Borboletas emitem sons e parecem comunicarMiami, Florida, 27 Jul Mirian Hay-Roe, entomóloga da UF em Gainvesville, constatou que as borboletas Heliconius cydno, da América Central e do Sul, emitem uma série de ruídos só audíveis quando interagem. A descoberta insere-se no pequeno mas crescente número de estudos que sugerem que algumas espécies de borboletas usam sons para comunicar entre si. "Foi uma dessas descobertas acidentais que por vezes acontecem na ciência", disse Hay-Roe, investigadora do Instituto da Ciências Agrícolas e de Alimentos da UF. "Não estava à procura de comunicação entre borboletas, observei apenas que essas borboletas estavam a produzir ruído", acrescentou. A Hay-Roe falta saber como é que essas borboletas, conhecidas pelas suas grandes asas azuis e brancas, emitem os ruídos porque parecem não ter um sistema especializado para essa função. As Heliconius cydno adultas passam os seus dias a alimentar-se do pólen das flores tropicais e juntam-se às centenas nas árvores durante a noite. A descoberta do som que produzem ocorreu há vários anos, quando a investigadora estava a trabalhar com várias espécies e partilhava uma estufa com outro colega que estudava as Heliconius cydno, tendo então observado algo estranho: estas pareciam estar a acossar as suas borboletas. "Elas perseguiam as minhas borboletas por toda a estufa", explicou a entomóloga que, além disso, reparou que as Heliconius cydno emitiam um som ténue quando afastavam as rivais do seu território. Depois de passar muito tempo a observá-las, descobriu que também emitiam o som quando estavam no meio da sua própria espécie e durante os seus voos. Munida de um gravador, Hay-Roe conseguiu registar alguns dos sons das borboletas, que analisou com Richard Mankin, entomólogo do Departamento de Agricultura dos EUA, tendo juntos publicado os resultados do seu estudo no "Journal of Insect Behaviour". A investigadora vai continuar a aprofundar o estudo para tentar provar que os sons em causa são uma forma de comunicação e que, dado o contexto em que foram emitidos, foram emitidos para afugentar as outras borboletas do seu território. A presumível comunicação entre borboletas é alvo de especulação desde o tempo de Charles Darwin. Em 1874, o biólogo afirmou que a espécie Hamadryas usava sons para atrair potenciais pares. Investigações recentes indicaram que as Hamadryas têm órgãos semelhantes a ouvidos que podem detectar os sons de outras borboletas, reforçando a asserção de que se trata de uma forma de comunicação.
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