Os cursos superiores de engenharia florestal (e similares) baseiam-se, assim, num currículo multifacetado, composto por disciplinas que contribuem, tanto para o conhecimento técnico da floresta, como para as aptidões de gestão. Tais disciplinas podem ser categorizadas como básicas, intermediárias e aplicadas.
A vertente básica concentra-se geralmente no início dos cursos e estabelece um fundamento sólido para o que será ensinado posteriormente. “Embora esta vertente seja essencial, como é teórica e se ensina logo no início, nem sempre é bem compreendida pelos estudantes que procuram mais praticidade e especificidade. Alguns entram com a expectativa de aprenderem algo que possam aplicar o mais rápido possível”, diz Pedro Barcik, que completou a licenciatura em “Engenharia Florestal e dos Recursos Naturais”, no ISA – Instituto Superior de Agronomia.
As disciplinas que compõem essa parte inicial são a biologia (várias componentes: biologia celular, microbiologia, botânica, zoologia), química (inorgânica, orgânica, bioquímica), física, ciências sociais e matemáticas (a matemática é uma parte importante dos cursos de engenharia e este não é exceção). Apesar do receio que as matemáticas inspiram a alguns, “devem ser reconhecidas e tratadas como uma ferramenta importante para a resolução de problemas e para o pensamento lógico, ambas competências muito desejadas num engenheiro florestal”, refere.
Mais ou menos pela metade do curso – ou muitas vezes ao longo dos vários períodos escolares –, começam as disciplinas intermédias. “São disciplinas que entrecruzam conceitos das ciências básicas e, muitas vezes, são utilizadas como meios ou ferramentas que poderemos usar para atingir determinados objetivos”, explica Pedro. Entre elas estão ecologia, fisiologia vegetal, ciência dos solos, climatologia e meteorologia, hidrologia, economia, ciência de dados e programação, cartografia e topografia, sistemas de informação geográfica e inventário florestal.
Na metade final do curso, o conhecimento começa a interligar-se e passa a especializar-se na área florestal. É nessa altura que começam as disciplinas como a silvicultura, modelação florestal, cinegética e aquicultura, pragas e doenças florestais, fogos rurais, operações florestais, tecnologia dos produtos florestais (madeira, cortiça e derivados), gestão e certificação florestal, e políticas florestais.
O artigo foi publicado originalmente em Florestas.pt.