O presidente da CAP, Álvaro Mendonça e Moura, garantiu que a confederação nunca perdeu o seu ‘modus’ contestatário e a vontade férrea de lutar contra as injustiças, quando se assinalam os 50 anos da sua fundação.
“Há uma vitalidade inerente à forma como nascemos que, felizmente, não só se manteve, como se desenvolveu. Há uma dinâmica de afirmação, de contestação de tudo aquilo que afeta a agricultura e as florestas, que tem muito a ver com a nossa génese, o nosso nascimento”, afirmou Álvaro Mendonça e Moura, em entrevista à Lusa.
Para o antigo embaixador, a CAP nunca perdeu o seu ‘modus’ contestatário, que foi, desde logo, essencial para que os militares sentissem o apoio popular para o movimento 25 de Novembro, quando o país entrou em estado de sítio, após os militares da ala extrema-esquerda terem tomado pontos estratégicos.
Essa “vontade férrea” de lutar contra as injustiças e contra o menosprezo pelos agricultores e produtores florestais “nunca se perdeu” na CAP, assegurou.
A confederação nasceu em 25 de novembro de 1975, no auge do Processo Revolucionário em Curso (PREC) e da reforma agrária, período que Mendonça e Moura recordou como muito difícil, uma vez que foi preciso “partir do zero”, juntar associações e montar toda a estrutura de apoio ao setor.
O presidente da CAP lembrou que a agricultura sofreu grandes alterações, o que também se deve ao apoio que tem sido dado às várias associações, bem como ao contributo para a definição das políticas públicas.
Álvaro Mendonça e Moura sublinhou que a CAP tem “uma linha vermelha absoluta” que faz parte da sua génese – a liberdade de associação –, que disse já ter sido atingida quando foi sugerido, durante o governo da chamada ‘geringonça’ (PS,BE,PCP e PEV), que os viticultores do Douro fossem obrigados a filiar-se na Casa do Douro para poderem exercer a sua atividade.
O presidente da CAP notou que a sociedade civil precisa, sem pressão do Estado, de se organizar melhor e de se desenvolver, considerando que ainda há um “longo caminho a percorrer” e destacou que a confederação, ao longo de 50 anos, teve relações muito boas com Governos de diferentes partidos e “relações más ou péssimas” com outros.
“O ponto, para nós, não é saber qual é a cor política do ministro da Agricultura. Para nós, o ponto é se o governo atribui importância à agricultura ou se, pelo contrário, como já tivemos, procura criar todo o tipo de obstáculos”, notou.
A estratégia da CAP para os próximos anos vai passar por continuar a reforçar a sua presença em todo o território, por continuar a apoiar as associações e por lutar pelo aumento do rendimento do agricultor.
A CAP está representada em vários ministérios, é membro do Comité Económico e Social e da Comissão Permanente de Concertação Social.
Esta confederação conta com cerca de 256 organizações filiadas, de Norte a Sul, incluindo ainda a Madeira e os Açores.
Para celebrar o 50.º aniversário, a CAP realiza, entre terça e quarta-feira, no Pavilhão de Portugal, em Lisboa, um congresso dedicado ao tema “A evolução da agricultura e da floresta portuguesas desde 1975, no contexto da mudança socioeconómica e política do país”.
O evento vai reunir, para além dos associados e parceiros, responsáveis políticos, empresários e líderes do setor para também projetar o futuro da agricultura e das florestas nacionais.












































