A Câmara de Vidigueira (Beja) considerou hoje a inscrição da Produção de Vinho de Talha no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial (INPCI) como “um passo fundamental” para candidatar esta manifestação cultural a património da UNESCO.
“Trata-se de um passo fundamental na estratégia desenvolvida pela autarquia para o reconhecimento desta prática identitária com a finalidade da sua candidatura a Património Cultural Imaterial da Humanidade, pela UNESCO”, disse o município, em comunicado.
O objetivo passa pela candidatura da produção artesanal de vinho de talha a Património Cultural Imaterial da Humanidade, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) anunciou, na quarta-feira, que aprovou a inscrição no INPCI da Produção de Vinho de Talha, processo característico do Alentejo que remonta ao tempo dos romanos.
Em comunicado, a DGPC divulgou que a inscrição deste tipo de produção vinícola no INPCI consta de despacho assinado, a 28 de novembro, pela subdiretora-geral do Património Cultural, Rita Jerónimo, o qual será, “em breve, publicado em Diário da República”.
“A Câmara Municipal de Vidigueira congratula-se com a aprovação da inscrição no INPCI da Produção de Vinho de Talha”, indicou hoje aquela autarquia alentejana.
O pedido de inscrição desta manifestação no INPCI foi proposto pelo Município de Vidigueira, que “encetou o trabalho de investigação para aprofundar o conhecimento sobre a Produção de Vinho de Talha, com o objetivo de inventariação na plataforma MatrizPCI (http://www.matrizpci.dgpc.pt/), onde o público pode ter acesso a toda a documentação”.
Segundo a autarquia, com esta inscrição, “a DGPC reconhece a importância da Produção de Vinho de Talha enquanto reflexo da identidade da comunidade envolvente e a sua profundidade histórica e evidente relação com outras práticas inerentes à comunidade”.
O vinho de talha, próprio do Alentejo, é produzido graças a “um processo de vinificação natural que remonta à época romana”, explicou a DGPC, na quarta-feira.
“As uvas, depois de esmagadas com recurso a um moinho ou uma mesa de ripanço, transformam-se no mosto que se deposita em talhas de barro para fermentação e cozedura por um período aproximado de 40 dias, até o vinho ficar pronto a ser bebido”.
Trata-se de um processo que é “sobretudo levado a cabo pelos homens e que tem resistido com base na transmissão oral, num saber-fazer experimentado, na partilha do conhecimento de geração em geração, em respeito por tradições antigas”.
“Esta transmissão e saber-fazer têm permitido a preservação das adegas de construção tradicional, das talhas de barro, dos recipientes e utensílios, assim como dos processos culturais que, atualmente, se constituem como património cultural e identitário daquelas comunidades”, notou a direção-geral.
Esta prática de vinificação mantém-se ativa “nos concelhos de Aljustrel, Beja, Campo Maior, Cuba, Elvas, Estremoz, Marvão, Mora, Moura, Serpa e Vidigueira” e conta com “134 produtores identificados”, precisou a DGPC, aludindo a dados de 2018-2019.